Ao pedir um prazo maior para concluir o inquérito que apura suposta interferência política de Jair Bolsonaro na Polícia Federal, a delegada Christine Machado afirmou que um dos próximos passos da investigação deveria ser tomar o depoimento do presidente. Na solicitação, encaminhada ao ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal, ontem, a delegada disse precisar de mais 30 dias para concluir os trabalhos.
O inquérito foi aberto a pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras, depois que o ex-ministro da Justiça Sergio Moro acusou Bolsonaro de pressionar para a troca de cargos-chave na PF por estar preocupado com familiares e amigos.
O ex-ministro já prestou depoimento, apresentando trocas de mensagens pelo celular com Bolsonaro como prova das acusações. Outra evidência analisada no caso é a reunião ministerial de 22 de abril, na qual o presidente afirmou que ia interferir na corporação.
A declaração de Bolsonaro gerou duas versões. Enquanto Moro enfatiza que se trata da prova de interferência ilegal na corporação, o presidente assegura que se referia à segurança de seus familiares, e não da PF.
TSE aguarda Planalto
O corregedor do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Og Fernandes, deu prazo de três dias para que o presidente Jair Bolsonaro e o vice-presidente Hamilton Mourão prestem informações no âmbito de Ações de Investigações Judiciais Eleitorais (Aijes), que tratam do suposto impulsionamento de campanha durante o pleito de 2018. O magistrado pede que ambos se manifestem em relação ao um pedido do PT para que dados levantados pelo inquérito das fake news, que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), sejam anexados às ações que acusam a campanha do presidente e do vice de irregularidades. As ações afirmam que a campanha usou robôs para ter maior alcance nas redes sociais e que uma rede de propagação de fake news foi usada em larga escala. O PT declara que essa prática influenciou no resultado das eleições.