Um dos nomes conhecidos do MDB, Geddel foi titular da Secretaria de Governo da Presidência da República do governo de Michel Temer. Em março, a Justiça Federal condenou o ex-ministro pelo crime de improbidade administrativa em razão da pressão para conseguir um parecer favorável do Iphan na construção do edifício de luxo em Salvador.
Marco Antônio foi nomeado assessor de Geddel em maio de 2016. Antes, ele atuava como assessor do gabinete do ministro da extinta Secretaria de Aviação Civil. Marco Antônio ficou no cargo de assessor do Departamento de Relações Político-Sociais da Secretaria Nacional de Articulação Social da Secretaria de Governo até maio de 2018, mesmo depois de Geddel ter saído da secretaria — o que aconteceu em novembro de 2016. Entre 2011 e 2013, Marco Antônio trabalhou no Ministério do Turismo, como chefe de gabinete da Secretaria Nacional de Programas de Desenvolvimento do Turismo.
Quando o ex-assessor de Geddel atuou no Ministério do Turismo, a pasta era ocupada pelo deputado federal Gastão Vieira (MA), integrante do Pros. O partido faz parte do chamado 'centrão', que tem negociado cargos com o governo de Jair Bolsonaro.Na época, Gastão era do MDB. Marco Antônio atuou muito em pastas ocupadas pelo partido. No governo de Temer, ele trabalhou nas gestões de Geddel e dos ex-deputados federais Antônio Imbassahy (PSDB) e Carlos Marun (MDB) — este último ganhou recentemente um conselho de Itaipu Binacional.
Antes disso, Marco Antônio havia trabalhado na Aviação Civil quando era comandada por Moreira Franco, Eliseu Padilha e Mauro Lopes, todos do MDB. Bolsonaro tem buscado também o apoio do partido no Congresso.
Lavagem de dinheiro
Geddel, que também foi ministro da Integração Nacional no governo Lula, foi condenado no ano passado a 14 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por lavagem de dinheiro e associação criminosa no caso de malas contendo R$ 51 milhões em um apartamento remetido a ele em Salvador. Ele foi preso em setembro de 2017, ficou no presídio da Papuda, no Distrito Federal (DF), e foi transferido no ano passado para Salvador.
Em nota, o ministério do Turismo afirmou que Marco Antônio não trabalhou diretamente com o ex-ministro Geddel. Segundo a pasta, a escolha pelo nome foi motivada por sua “ampla experiência na área de gestão, adquirida em trabalhos exercidos no Judiciário federal, no Executivo federal e em empresa pública”. O ministério informou, ainda, que o novo chefe de gabinete ocupou nos últimos 12 anos cargos de assessoramento no Ministério do Turismo, na Secretaria de Aviação Civil e na Secretaria de Governo. “Marco Delgado é relações públicas, especializado em marketing político e concilia suas atividades no serviço público lecionando em universidade do Distrito Federal”, acrescentou a nota do ministério.
Trocas
Desde o segundo semestre do ano passado, o Iphan está envolto em polêmicas relativas às nomeações de superintendentes. A última foi a nomeação da presidente do órgão, Larissa Rodrigues Peixoto Dutra. O cargo estava sendo ocupado interinamente desde dezembro do ano passado pelo técnico Robson de Almeida, depois de Kátia Bogéa ter sido exonerada.
No último dia 25, Kátia contou ao Correio que foi exonerada por pressões do dono das lojas Havan, Luciano Hang, e do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). Kátia afirmou que soube de sua exoneração pelo Diário Oficial da União (DOU), não tendo sido avisada antes ou chamada para auxiliar no processo de transição.
A nomeação de Larissa foi amplamente criticada por servidores e ex-servidores do Iphan, além de entidades como o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB). Isso pelo fato de Larissa, formada em turismo e hotelaria, não ter em seu currículo referências a uma atuação relacionada com preservação do patrimônio histórico e cultural do país.
A atual presidente do Iphan é casada com Gerson Dutra Júnior, que atuou como segurança do presidente Jair Bolsonaro durante a campanha de 2018.
O Ministério Público Federal (MPF) inclusive pediu ao ministro do Turismo documentos relacionados à nova presidente. No último dia 6 de maio, o MPF enviou um ofício solicitando informações sobre 17 pessoas nomeadas a cargos do Iphan em 11 unidades federativas.
Memória
Escândalos em série
Os escândalos envolvendo Geddel Vieira tiveram início em novembro de 2016, com o pedido de demissão apresentado pelo ex-ministro da Cultura e de-putado federal Marcelo Calero (Cidadania-RJ). Um dia depois de pedir para sair do governo, Calero afirmou que estava sendo pressionado por Geddel a conseguir o aval do Iphan na cons-trução do edifício de luxo La Vue, na Barra, em Salvador. O Iphan havia embargado a obra apontando que haveria impacto em bens tombados da região.
Após a denúncia, Geddel pediu demissão. Uma investigação do Ministério Público Federal (MPF) acusou o ex-ministro de improbidade administrativa por ter pressionado Calero a liberar a obra. Em março deste ano, Geddel foi condenado na Justiça Federal. Ele, no entanto, já estava preso desde 2017, mas por outro fato.
Naquele ano, a Polícia Federal encontrou malas e caixas que continham R$ 51 milhões em um apartamento ligado a ele em Salvador. Foi a maior apreensão de dinheiro vivo ocorrida no Brasil. Geddel ficou preso no Complexo Penitenciário da Papuda, no Distrito Federal, e foi transferido em dezembro do ano passado para a Bahia. Pouco antes, em outubro, o ex-ministro foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 14 anos de prisão por lavagem de dinheiro e associação criminosa. Seu irmão, o ex-deputado federal Lúcio Vieira Lima, foi condenado a 10 anos.
O dinheiro foi encontrado pela Polícia Federal durante uma operação chamada Tesouro Perdido, que fazia parte das investigações sobre fraude relativa a liberações de créditos da Caixa Econômica Federal (CEF). O ex-ministro foi vice-presidente de Pessoa Jurídica da instituição de 2011 a 2013.
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