A manifestação se deu após o ministro da Educação, Abraham Weintraub, fazer duas publicações comparando o nazismo com medidas restritivas de isolamento social e a ação da Polícia Federal (PF) que fez busca e apreensão na última quarta-feira (27) contra apoiadores do presidente Jair Bolsonaro no âmbito do inquérito das fake news do Supremo Tribunal Federal (STF).
"Houve um aumento da frequência de uso do Holocausto no discurso público, que de forma não intencional banaliza sua memória e também a tragédia do povo judeu, que terminou com o extermínio de 1/3 do nosso povo por ódio e ignorância dos nazistas e seus colaboradores", escreveu a embaixada de Israel no Brasil.
Na nota, o pedido para que o Holocausto fique fora das disputas ideológicas é feito "em nome da amizade forte" entre os dois países, "que cresce cada vez mais há 72 anos".
"O Holocausto é algo que não desejamos a nenhuma nação, e enfatizamos que isso não seja usado cotidianamente, mesmo em casos que sejam considerados extremos. Nada é tão extremo como o Holocausto, não apenas para os judeus, mas também para outras minorias que sofreram na Europa e no mundo. Holocausto nunca mais!", ressalta a embaixada.
O cônsul geral de Israel em São Paulo, Alon Lavi, também se manifestou em seu Twitter afirmando que "o Holocausto, a maior tragédia da história moderna, onde 6 milhões de judeus" é um episódio que "jamais poderá ser comparado com qualquer realidade política no mundo".
Weintraub publicou nesta quinta-feira (28) o seguinte texto em seu Twitter: "Primeiro, nos trancaram em casa. Depois, brasileiros honestos buscando trabalho foram algemados. Ontem, 29 famílias tiveram seus lares violados! Sob a mira de armas, pais viram suas crianças e mulheres assustadas terem computadores e celulares apreendidos! Qual o próximo passo?."
O ministro publicou uma imagem famosa do Levante do Gueto de Varsóvia, na Polônia, em 1943. Ato foi uma revolta armada de judeus que buscaram resistir à ocupação nazista em uma região considerada como a de maior quantidade de judeus na Europa durante o período de ocupação alemã.
Antes, associações judaicas já haviam manifestado repúdio contra outra publicação de Weintraub. Na quarta-feira (27), ele comparou a ação da PF com a Noite dos Cristais, que foi uma onda de agressões a judeus na Alemanha e na Áustria.
Essa não é a primeira vez que um ministro do governo Bolsonaro faz uma referência ofensiva ao genocídio de judeus. O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, comparou as medidas de isolamento com os campos de concentração nazistas. O ministro também defendeu que o nazimo foi um fenômeno de esquerda.