Politica

Ex-assessor de Geddel é nomeado chefe de gabinete do Iphan

Ministro do governo Temer foi condenado por improbidade administrativa por fazer pressão para conseguir autorização do Iphan na construção de um prédio de luxo em Salvador

Um ex-assessor do ex-ministro Geddel Vieira foi nomeado nesta quinta-feira (28/5) a chefe de gabinete do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A nomeação de Marco Antônio Ferreira Delgado foi assinada pelo ministro do Turismo, Marcelo Álvaro, e publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta quinta-feira (28/5).

Geddel foi ministro da Secretaria de Governo da Presidência da República do governo de Michel Temer. Ele foi condenado neste ano pela Justiça Federal por improbidade administrativa por fazer pressão para conseguir um parecer favorável do Iphan na construção do edifício de luxo La Vue, na Barra, em Salvador. O ex-ministro da Cultura e deputado federal Marcelo Calero (Cidadania-RJ) o acusou de pressioná-lo. Geddel nega.

Marco Antônio foi nomeado assessor de Geddel em maio de 2016. Antes ele atuava como assessor do gabinete do ministro da extinta Secretaria de Aviação Civil. Ele ficou no cargo de assessor do Departamento de Relações Político-Sociais da Secretaria Nacional de Articulação Social da Secretaria de Governo até maio de 2018, mesmo depois de Geddel ter saído da secretaria - o que aconteceu em novembro de 2016. 

Marco também já havia atuado anteriormente, entre 2011 e 2013, no Ministério do Turismo, tendo sido inclusive chefe de gabinete da Secretaria Nacional de Programas de Desenvolvimento do Turismo.

Geddel, que também foi ministro da Integração Nacional no governo Lula, foi condenado no ano passado a 14 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por lavagem de dinheiro e associação criminosa no caso de malas contendo R$ 51 milhões em um apartamento remetido a ele em Salvador. Ele foi preso em setembro de 2017, ficou no presídio da Papuda, no Distrito Federal (DF), e foi transferido no ano passado para Salvador. 
 
Em nota, o ministério do Turismo afirmou que Marco Antônio não trabalhou diretamente com o ex-ministro Geddel Vieira Lima. Conforme pasta, a escolha pelo nome foi motivada por sua "ampla experiência na área de gestão, adquirida em trabalhos exercidos no judiciário federal, no executivo federal e em empresa pública". 

O ministério informou que o novo chefe de gabinete ocupou nos últimos 12 anos cargos de assessoramento no Ministério do Turismo, na Secretaria de Aviação Civil e também na Secretaria de Governo. "Marco Delgado é relações públicas, especializado em marketing político e concilia suas atividades no serviço público lecionando em universidade do Distrito Federal", explicou.

Trocas

 
Desde o segundo semestre do ano passado, o Iphan está envolto a polêmicas relativas às nomeações de superintendentes. A última foi a nomeação da presidente do órgão, Larissa Rodrigues Peixoto Dutra. O cargo estava sendo ocupado interinamente desde dezembro do ano passado pelo técnico Robson de Almeida, depois de Kátia Bogéa ter sido exonerada. 

No último dia 25, ela contou ao Correio que foi exonerada por pressões do dono das lojas Havan, Luciano Hang, e do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). Kátia afirmou que ficou sabendo de sua exoneração pelo Diário Oficial da União (DOU), não tendo sido avisada antes ou chamada para auxiliar no processo de transição.

A nomeação de Larissa foi amplamente criticada por servidores e ex-servidores do Iphan, além de entidades como o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB). Isso pelo fato de Larissa, formada em Turismo e Hotelaria, não ter em seu currículo referências a uma atuação relacionada com preservação do patrimônio histórico e cultural do país.

O Ministério Público Federal (MPF) inclusive solicitou ao ministro do Turismodocumentos relacionados à nova presidente. No último dia 6 de maio, o MPF enviou um ofício solicitando informações sobre 17 pessoas nomeadas a cargos do Iphan em 11 unidades federativas: Amapá, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Roraima. O procedimento está em sigilo no MPF.