Politica

''PF precisa investigar se houve vazamentos'', diz presidente da APCF

Marcos Camargo comentou os casos de Paulo Marinho e da deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), nos quais há suspeitas de acesso a informações privilegiadas sobre operações

A Polícia Federal precisa investigar se há vazamento de informações sobre suas operações. É o que defende Marcos Camargo, presidente da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF). Em entrevista ao CB.Poder — uma parceria do Correio Braziliense e da TV Brasília, cuja íntegra está no fim desta reportagem  nesta terça-feira (26/5), Camargo comentou a denúncia do empresário Paulo Marinho, que afirmou ter recebido informações com antecedência sobre o caso Queiroz, e falou sobre a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP).

Zambelli afirmou na segunda-feira (25/5) que haveria operações da PF contra governadores para investigar desvios de verba pública em ações para minimizar os impactos da pandemia do novo coronavírus. Um dia depois, na manhã desta terça, a PF fez buscas na casa do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC) e em sua residência oficial. "Isso deve ser apurado. Esse fluxo de informações não pode sair da PF e do Ministério Público. Essas denúncias foram feitas, são graves e devem ser apuradas. Se ficar claro que houve vazamento para a deputada e para Paulo Marinho, a pessoa responsável deve ser julgada e responder por isso", disse o presidente da APCF.

Witzel chegou a dizer que a Operação Placebo, autorizada pelo STF, é uma prova da interferência de Bolsonaro na Polícia Federal. Marcos Camargo defendeu, no entanto, que todas as operações da instituição são feitas nos rigores da lei. "Todas as operações da PF são feitas dentro dos rigores da lei. Nenhuma operação é feita sem determinação judicial, e essa teve autorização do STJ. É temerário falar em intervenção em uma operação como essa, porque não existem evidências", disse ele.

Ele ainda disse que qualquer interferência na PF é "complexa de ser feita", pois existem várias instâncias e profissionais envolvidos, além de uma corregedoria forte. Marcos Camargo falou ainda sobre a repercussão do vídeo da reunião ministerial divulgado pelo STF na última sexta-feira (22/5). Na segunda-feira, a Polícia Federal recolheu a câmera utilizada para gravar a reunião a fim de verificar se o vídeo possui edições. 

Saiba Mais

"O trabalho pericial na questão que envolve análise de vídeos, como é o caso da reunião, envolve uma série de etapas. Primeiro, há a análise de conteúdo com transcrição e depois a verificação da existência de edições ou acréscimo. Para isso, é sempre é desejável ter o aparelho gravador, isso é normal. Verificamos a existência de edições intencionais e não intencionais. Para todos os efeitos, são edições", explicou Camargo.

Ele ainda disse que, ao assistir o vídeo, é difícil descobrir se houve edição, mas os assuntos tratados parecem ter coesão. "Aparentemente, há um fluxo normal de continuidade. As conversas têm início, meio e fim. Mas é preciso analisar se houve modificações", completou.
 

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*Estagiário sob a supervisão de Fernando Jordão