Politica

''Absurdo sem precedentes'', dizem senadores sobre reunião ministerial

Na gravação do encontro Bolsonaro e a equipe atacam as instituições, inclusive a própria Corte e a imprensa

Correio Braziliense
postado em 22/05/2020 22:31
Na gravação do encontro Bolsonaro e a equipe atacam as instituições, inclusive a própria Corte e a imprensaLíderes da Rede, do PSB e do PDT no Senado voltaram a cobrar o andamento do processo de impeachment do presidente Jair Bolsonaro, "pelo bem do país", após a divulgação do vídeo da reunião ministerial ocorrida em 22 de abril, no Palácio do Planalto. O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), liberou, nesta sexta-feira (22/5), a gravação do encontro, no qual Bolsonaro e a equipe atacam as instituições, inclusive a própria Corte e a imprensa.

O afastamento do presidente "é uma questão de vida ou morte", alegam os parlamentares, em nota divulgada nesta sexta. Para eles, o vídeo "é repleto de crimes, ameaças à democracia, quebras de decoro e de falta de ética". O presidente, inclusive, assume a intenção de interferir na Polícia Federal, como acusou o ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, ao deixar o cargo. 

Para os parlamentares, fica claro que "não há mais sustentação para Bolsonaro continuar à frente da presidência da República". "O vídeo atacou frontalmente a constitucional harmonia entre os poderes e agrediu, de forma definitiva, a relação do governo com a imprensa, instituição fundamental para nos proteger das ditaduras", consideram.

"Por mais que pareça uma peça publicitária de suas ideias genocidas, não se pode ver como normal as atrocidades desse governo de criminosos", reforça a nota. Outra preocupação dos senadores é a situação do país com a crise do novo coronavírus. "O Brasil está, claramente, sem presidente e não aguentará o pós-pandemia caso continuemos assistindo esses absurdos sem que nenhuma medida seja efetivada contra eles", afirmam. 

Saiba Mais

Os líderes partidários apontam que ao menos três ministros cometeram crimes no vídeo, além do presidente. Um deles seria Abraham Weintraub, da Educação, que sugeriu a prisão dos ministros do STF, a quem chamou de "vagabundos". "Não esconde suas tendências autoritárias e seu senso de superioridade moral, característica típica de regimes totalitários, ao exprimir seu desejo de governar sem sofrer nenhum controle judicial", diz a nota.

Os senadores também consideram criminosa a fala da ministra Damares Alves (Mulher, da Família e dos Direitos Humanos), que defendeu a prisão de governadores que adotaram isolamento social na pandemia, e do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que sugeriu, na reunião, "ir passando a boiada" e flexibilizar regulamentações enquanto o foco está voltado para a covid-19. 

Os senadores cobram a saída "urgente" de Salles do ministério, "diretamente para a cadeia". "De forma criminosa e perversa, (Salles) externou o seu desejo de se utilizar das mortes da pandemia para continuar seu projeto de destruição do Meio Ambiente", apontam. Eles vão encaminhar representações contra os três ministros e reforçar o pedido de impeachment e de crime comum de interferência na PF contra Bolsonaro. 

A nota foi assinada pelos senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder da oposição no Senado; Weverton Souza (PDT-MA), líder do PDT no Senado; e Veneziano Vital do Rêgo (PSB-PB), líder do PSB no Senado.

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