"Nesse momento, vendo até o exemplo dos outros países, o melhor para todos nós é que a gente possa deixar nossas divergências para um segundo momento. Agora temos aí uma grave pandemia que atinge a vida de milhares de brasileiros e pode virar milhões se nada for feito, mas nós estamos atuando juntos", afirmou Rodrigo Maia nesta quarta-feira (20/05), em live com empresários do setor de comércio e serviços.
Rodrigo Maia garantiu que "o Parlamento em momento nenhum se omitiu da sua responsabilidade" de atuar no combate aos efeitos sanitários e econômicos do novo coronavírus. E, apesar de dizer que não trataria de críticas que poderia fazer, deixou claro o desacordo com a forma com que o governo federal vem enfrentando o coronavírus.
Maia disse, entre outras coisas, que o Brasil tem testado pouco a população, o que esconde a taxa real de contaminação e atrapalha o planejamento necessário para a retomada econômica. E afirmou ainda que o governo poderia ter colocado a rede de assistência social para testar e levar equipamentos de proteção para as comunidades mais carentes do país, assim como negociar a retirada dos idosos dessas comunidades para hoteis que estão parados nesse momento de quarentena, como foi feito em outros países.
"A gente podia ter feito muita coisa, mas infelizmente os passos não foram de uma forma organizada", lamentou Maia.
Ele ainda lembrou que o Congresso aprovou a PEC do Orçamento de Guerra justamente para permitir que o governo federal tivesse o orçamento necessário para colocar em prática as medidas exigidas pela crise do novo coronavírus, tanto na saúde, quanto na economia. Maia, por sinal, concordou com os empresários de que está difícil conseguir crédito durante a pandemia. E disse que, prevendo as travas bancárias que vêm sendo relatadas pelo setor produtivo, sempre defendeu uma política de crédito mais agressiva por parte do governo, que oferecesse 100% de garantias da União para as empresas afetadas pela crise da covid-19.
"A equipe econômica é sempre muito conservadora, muito defensiva. Mas, como a sociedade mesmo colocou o apelido da PEC da Guerra, nós não vivemos um momento simples. Então, é importante que o governo use esse instrumento para que os recursos cheguem na ponta", alfinetou Maia, que já fez outras críticas à equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, durante a pandemia.
O presidente da Câmara garantiu, por sua vez, que não estava culpando ninguém. "É um vírus novo, estamos todos aprendendo. Não é uma questão de crítica, mas tem que ter uma preocupação", afirmou, emendando que a Câmara dos Deputados está promovendo um ciclo de debates com especialistas e a sociedade civil para "trocar ideias e construir as melhores soluções para a sociedade brasileira".
Maia sugeriu, então, que o Legislativo pode assumir o protagonismo desse debate caso seja necessário. E os empresários que participaram da live, promovida pela União Nacional de Entidades do Comércio e Serviços (Unecs), pediram que o deputado de fato assumisse esse papel de conciliador, inclusive na reunião que está marcada para acontecer nesta quinta-feira (21) entre o presidente Jair Bolsonaro, os governadores, o Legislativo e o Judiciário, Na reunião, deve ser discutido o combate ao coronavírus e também os planos de retomada econômica.