O senador e ex-presidente da República Fernando Collor de Mello (PROS-AL) pediu desculpas pelo confisco das poupanças dos brasileiros, a estratégia de governo que visava acabar com a inflação e deteriorou ainda mais a economia no Brasil à época. Collor bloqueou os ativos, como ele mesmo diz, em 16 de março de 1990, apenas um dia depois de tomar posse. Da noite para o dia, os brasileiros viram desaparecer 80% da renda aplicada em cadernetas de poupança, contas correntes e aplicações financeiras. Emprestaram, à força, quase todo o dinheiro que tinham, por 18 meses para um governo que terminou com escândalos de corrupção e um impeachment após a renúncia de Collor.
Quando a população recebeu de volta o dinheiro, em Cruzeiros, a quantia confiscada já tinha desvalorizado. O agora senador, que tem ganhado fama e espaço nas redes sociais, respondendo seguidores de modo desenrolado, brincando, inclusive, com os críticos, afirmou que era preciso falar com mais clareza sobre o confisco, e fez cinco tuítes sobre o assunto. “Pessoal, entendo que é chegado o momento de falar aqui, com ainda mais clareza, de um assunto delicado e importante: o bloqueio dos ativos no começo do meu governo. Quando assumi o governo, o país enfrentava imensa desorganização econômica, por causa da hiperinflação: 80% ao mês!”, afirmou na primeira postagem.
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O confisco completa, hoje, 30 anos, dois meses e dois dias. “O Brasil estava no limite! Durante a preparação das medidas iniciais do meu governo, tomei conhecimento de um plano economicamente viável, mas politicamente sensível, com grandes chances de êxito no combate à inflação. Era uma decisão dificílima. Mas resolvi assumir o risco. Sabia que arriscava ali perder a minha popularidade e até mesmo a Presidência, mas eliminar a hiperinflação era o objetivo central do meu governo e também do País”, afirmou. É importante lembrar, claro, que o confisco feito no primeiro dia de governo nunca foi anunciado durante a campanha presidencial, a primeira eleição direta para presidente após 24 anos de ditadura cívico-militar.
O senador afirma que, junto à sua equipe econômica, quis muito acertar, mas que, infelizmente, errou. A medida resultou em falências e, até, suicídios, afinal, o confisco impediu milhares de operações econômicas que cabiam nos planos individuais do brasileiro. “Acreditei que aquelas medidas radicais eram o caminho certo. Infelizmente errei. Gostaria de pedir perdão a todas aquelas pessoas que foram prejudicadas pelo bloqueio dos ativos”, desculpou-se. “Eu e a minha equipe não víamos alternativa viável naquele início de 1990. Quisemos muito acertar. Nosso objetivo sempre foi o bem do Brasil e dos brasileiros”, concluiu a breve explicação.