Politica

30 anos depois, Collor pede perdão pelo confisco da poupança de brasileiros

Senador e ex-presidente usou o Twitter para pedir desculpas

O senador e ex-presidente da República Fernando Collor de Mello (PROS-AL) pediu desculpas pelo confisco das poupanças dos brasileiros, a estratégia de governo que visava acabar com a inflação e deteriorou ainda mais a economia no Brasil à época. Collor bloqueou os ativos, como ele mesmo diz, em 16 de março de 1990, apenas um dia depois de tomar posse. Da noite para o dia, os brasileiros viram desaparecer 80% da renda aplicada em cadernetas de poupança, contas correntes e aplicações financeiras. Emprestaram, à força, quase todo o dinheiro que tinham, por 18 meses para um governo que terminou com escândalos de corrupção e um impeachment após a renúncia de Collor.

Quando a população recebeu de volta o dinheiro, em Cruzeiros, a quantia confiscada já tinha desvalorizado. O agora senador, que tem ganhado fama e espaço nas redes sociais, respondendo seguidores de modo desenrolado, brincando, inclusive, com os críticos, afirmou que era preciso falar com mais clareza sobre o confisco, e fez cinco tuítes sobre o assunto. “Pessoal, entendo que é chegado o momento de falar aqui, com ainda mais clareza, de um assunto delicado e importante: o bloqueio dos ativos no começo do meu governo. Quando assumi o governo, o país enfrentava imensa desorganização econômica, por causa da hiperinflação: 80% ao mês!”, afirmou na primeira postagem.



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Collor se tornou um crítico ponderado do atual governo, comparando as posições autoritárias do presidente da República com as próprias que levaram ao processo de impeachment que chegou ao fim em 29 de dezembro de 1992. Nas postagens seguintes, ele afirma que a equipe via em uma medida radical uma forma de tentar controlar a economia e proteger os mais pobres. “Os mais pobres eram os maiores prejudicados, perdiam seu poder de compra em questão de dias,  pessoas estavam morrendo de fome”, disse.

O confisco completa, hoje, 30 anos, dois meses e dois dias. “O Brasil estava no limite! Durante a preparação das medidas iniciais do meu governo, tomei conhecimento de um plano economicamente viável, mas politicamente sensível, com grandes chances de êxito no combate à inflação. Era uma decisão dificílima. Mas resolvi assumir o risco. Sabia que arriscava ali perder a minha popularidade e até mesmo a Presidência, mas eliminar a hiperinflação era o objetivo central do meu governo e também do País”, afirmou. É importante lembrar, claro, que o confisco feito no primeiro dia de governo nunca foi anunciado durante a campanha presidencial, a primeira eleição direta para presidente após 24 anos de ditadura cívico-militar.

O senador afirma que, junto à sua equipe econômica, quis muito acertar, mas que, infelizmente, errou. A medida resultou em falências e, até, suicídios, afinal, o confisco impediu milhares de operações econômicas que cabiam nos planos individuais do brasileiro. “Acreditei que aquelas medidas radicais eram o caminho certo. Infelizmente errei. Gostaria de pedir perdão a todas aquelas pessoas que foram prejudicadas pelo bloqueio dos ativos”, desculpou-se. “Eu e a minha equipe não víamos alternativa viável naquele início de 1990. Quisemos muito acertar. Nosso objetivo sempre foi o bem do Brasil e dos brasileiros”, concluiu a breve explicação.