O ministro da Saúde, Nelson Teich, pediu demissão do cargo, nesta sexta-feira (15/5), após ser convocado ao Palácio do Planalto pelo presidente Jair Bolsonaro. O médico e o presidente tiveram divergências sobre políticas públicas em meio à pandemia de coronavírus.
A falta de entendimento sobre o protocolo do uso da hidroxicloroquina no tratamento da covid-19 seria uma das principais motivações para o pedido de demissão. Nos bastidores, Teich teria dito que não quer manchar a própria trajetória como médico para mudar um protocolo.
O debate sobre o uso da cloroquina no tratamento da covid-19 já havia sido ponto de debate entre o ministro e o presidente nesta semana. Uma coletiva de imprensa foi convocada para a tarde desta sexta-feira para explicar os motivos da saída do ministro.
Teich deixa o Ministério da Saúde um dia antes de completar um mês no cargo. Assume em seu lugar, interinamente, o general Eduardo Pazuello, que, quando Teich assumiu, se tornou o número 2 Ministério da Saúde por escolha de Bolsonaro.
Após o encontro com Teich nesta sexta-feira, Bolsonaro , defensora do uso da cloroquina e que já havia sido cotada para assumir o ministério.
Esta é a segunda troca de ministro da Saúde em meio à pandemia de coronavírus. Teich havia substituído Luiz Henrique Mandetta, que também é médico e divergia da vontade do presidente das ações no combate à pandemia do novo coronavírus. Mandetta se manifestou pelo Twitter pouco após o pedido de demissão se tornar público. "Oremos. Força SUS. Ciência. Paciência. Fé!", escreveu no Twitter.
Oremos. Força SUS. Ciência. Paciência. Fé!
%u2014 Henrique Mandetta (@lhmandetta)
Pressão e impasse
O impasse começou quando Teich defendeu, na última quinta-feira (12/5), nas redes sociais que o medicamento não tem eficiência comprovada e causa profundos danos colaterais. “Um alerta importante: a cloroquina é um medicamento com efeitos colaterais. Então, qualquer prescrição deve ser feita com base em avaliação médica. O paciente deve entender os riscos e assinar o “Termo de Consentimento” antes de iniciar o uso da cloroquina”, disse.Um alerta importante: a cloroquina é um medicamento com efeitos colaterais. Então, qualquer prescrição deve ser feita com base em avaliação médica. O paciente deve entender os riscos e assinar o %u201CTermo de Consentimento%u201D antes de iniciar o uso da cloroquina.
%u2014 Nelson Teich (@TeichNelson)
O presidente, no entanto, insiste no uso da medicação desde o surgimento dos primeiros sintomas e promete desde o início da semana uma mudança no protocolo do uso do medicamento contra a covid-19. Mais cedo, na saída do Palácio da Alvorada, ele voltou a pressionar o ministro para o uso do medicamento.
“O meu entendimento, ouvindo médicos, é que ela deve ser utilizada desde o início por parte daqueles que integram grupo de risco”, disse. "Se eu for acometido, tomo a cloroquina e ponto final. Eu que decido minha vida", garantindo que não faltará médico para receitar.
Isolamento social
A cloroquina não foi o único ponto em que se viu a falta de harmonia entre o ministro e o presidente. A defesa do isolamento social também foi um dos conflitos entre os dois. Na última segunda-feira (11/5), .Teich não sabia da decisão do presidente e foi informado pelos jornalistas que o presidente Bolsonaro havia publicado a mudança em uma edição extra do Diário Oficial da União (DOU). Desde o episódio, o ministro da Saúde não participou de nenhuma coletiva de imprensa diária realizada pelo Ministério da Saúde para expor as ações do enfrentamento ao novo coronavírus.
O ministro estava desconfortável com toda essa situação, segundo apurou o Blog da Denise. .
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.