O ministro da Economia, Paulo Guedes, pediu ao empresariado brasileiro que deixe claro o apoio à postura adotada pelo governo federal durante a pandemia do novo coronavírus. “Os senhores têm que se mover, têm que nos ajudar. Os senhores têm capacidade de influir. Disparem essas campanhas publicitárias. Lancem essa ajuda à gente”, afirmou, na videoconferência que teve a participação do presidente Jair Bolsonaro e de empresários.
Guedes argumentou que Bolsonaro “está falando praticamente sozinho há 60 dias” sobre a necessidade de manter a economia funcionando e “está sendo apedrejado por isso”. “O presidente está estendendo a mão, não está ameaçando ninguém, está pedindo ajuda. Pensem o que vai acontecer com o PIB brasileiro, o que vai acontecer com o emprego se essa crise se aprofundar”, insistiu.
O titular da Economia ainda sugeriu que os empresários que conversaram com o Executivo por intermédio do presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, também procurassem os demais poderes para expressar a preocupação com a retomada da economia. O Judiciário, porque o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que governadores têm autonomia para decidir sobre as medidas de distanciamento social; e o Legislativo, porque o governo entende que é preciso avançar com a agenda de reformas no Congresso para garantir uma recuperação rápida no pós-covid-19.
Sobre o relaxamento do isolamento social, Guedes afirmou que a doença existe e “é triste”, mas frisou “que existe também uma realidade que está chamando a atenção há 60 dias e que está, agora, na percepção dos senhores que são empresários, virando uma realidade ameaçadora”. Segundo o ministro, a economia brasileira ainda tem “os sinais vitais vivos” e pode se recuperar rápido por conta disso, mas ele vê essa possibilidade cada vez mais distante à medida que as atividades econômicas continuam paradas.
“Uma coisa é ficar certo tempo fechado, outra coisa é, de repente, descontinuar a produção nacional e mergulhar numa depressão. Esse é o alerta do presidente. Não queremos pressionar nenhum poder. O que o presidente está dizendo é que ‘não está ao meu alcance, a decisão desceu para os governadores’. Ora, por que não desceu para os prefeitos, que é onde as pessoas vivem? Então, reflitam sobre esse alerta”, discursou Guedes.
Congresso
Em relação ao Congresso, o ministro disse que os parlamentares podem contribuir com a retomada econômica se aproveitarem este momento de quarentena para avançar com as reformas e com os marcos regulatórios do saneamento, do petróleo e gás e da energia barata — projetos que, segundo a equipe econômica, podem ajudar a atrair investimentos privados e gerar empregos no pós-pandemia. Ele ainda lembrou que os empresários que estavam participando da conversa tinham acesso direto aos parlamentares.
“Precisamos do apoio dos senhores, que sempre financiaram campanha eleitoral, que têm acesso a todos os parlamentares, que têm intimidade com o presidente da Câmara e com o presidente do Senado. Os senhores têm os acessos, trabalhem esse acesso para nos apoiar”, pediu. O ministro ainda aproveitou a deixa para pedir que os empresários mostrassem a deputados e senadores a importância de fazer com que o dinheiro da saúde não vire aumento salarial para os servidores públicos, argumentando que não basta o presidente vetar essa medida se depois o Congresso derrubar o veto e permitir o reajuste.
Perdas
Cálculos apresentados na quarta-feira pela equipe econômica explicam que cada semana de quarentena pode gerar uma perda de R$ 20 bilhões para a economia brasileira. Por isso, o Ministério da Economia já avisou que a previsão de que o Produto Interno Bruto (PIB) vai cair 4,7% neste ano deve ser piorada, se as medidas restritivas se estenderem por junho.
Promessa de mais crédito
O Ministério da Economia deve lançar, na próxima semana, novas medidas de crédito para tentar atender os empresários que têm se queixado da dificuldade de obter financiamentos. A ideia é estender o programa de financiamento da folha para as empresas de grande porte, ampliar a oferta de capital de giro e colocar para rodar a linha de crédito já aprovada pelo Congresso que promete financiar as micro e pequenas empresas. O governo vai apostar no Fundo Garantidor de Investimento para oferecer capital de giro. A ideia é injetar cerca de R$ 20 bilhões no fundo e permitir que os bancos alavanquem esse recurso para que o orçamento chegue perto dos R$ 100 bilhões.