O Ministério Público argumentou que o acampamento viola medidas de distanciamento social, recomendados por profissionais de saúde em razão da pandemia de covid-19 e que tem o risco de espalhar a doença.
No entanto, a 7ª Vara da Fazenda Pública do Distrito Federal entendeu que é possível, agora, impedir o direito de liberdade de reunião. Para a Justiça, “não é o momento (ainda) de sacrificar totalmente a liberdade de reunião e manifestação no espaço público, mas sim de impor limitações ao seu pleno exercício, tendo em vista a necessidade de afastamento social em razão da pandemia da Covid-19”.
"A ponderação de princípios significa cotejá-los para decidir qual deles, num caso concreto, tem maior peso ou valor e, portanto, deve prevalecer; a harmonização de princípios visa assegurar aplicação coexistente deles", escreveu o juiz, na decisão.
Na ação civil pública elaborada pelo MPDFT, o órgão também pedia que fossem feitas operações de busca e apreensão de armas de fogo em situação irregular no acampamento ou que estejam em posse de pessoas sem autorização legal para o porte. Isso porque a líder dos manifestantes, a ativista Sara Fernanda Giromini, 27 anos, mais conhecida por Sara Winter, disse nesta semana à BBC News Brasil que os integrantes movimento estão armados “para a proteção dos próprios membros do acampamento”.
O MPDFT chegou a equiparar Os 300 do Brasil a uma "milícia armada" e a uma "organização paramilitar". Carmona, entretanto, respondeu que "este juízo não tem competência para determinar medidas de natureza criminal, como busca e apreensão, revista pessoal, apreensão de armas de fogo irregulares e, com isso, condução do infrator para Delegacia de Polícia para lavrar o flagrante delito, peça inicial de inquérito policial".
Ainda cabe recurso da decisão. Carmona deu 15 dias para o MPDFT se manifestar.
"Contra a esquerda do mundo"
Os 300 do Brasil se intitulam “o maior acampamento de ações estratégicas contra a corrupção e a esquerda do mundo”. O grupo é o principal incentivador dos recentes protestos antidemocráticos na Esplanada dos Ministérios a favor de Bolsonaro e contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF).
Nos primeiros dias da mobilização do grupo em Brasília, os integrantes do movimento chegaram a instalar barracas no gramado em frente ao Congresso Nacional, mas agora eles mantêm a vigília em um estacionamento próximo ao Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Saiba Mais
“Buscamos pessoas que tenham a coragem de doar ao Brasil sangue, suor e sono, que estejam dispostas a abrir mão de sua comodidade e dedicar-se integralmente às ações coordenadas, inclusive tendo em mente a possibilidade de ser detido (contamos com corpo jurídico gratuito). Se você está disposto a passar, frio, ficar no sol, tomar chuva, e a fazer parte dessa página na história do Brasil, VENHA! Se você não faz parte desse perfil, não se preocupe, pode ajudar de diversas outras maneiras”, detalham os ativistas.