Politica

Investigação contra Flávio


O ex-superintendente da Polícia Federal do Rio de Janeiro e atual diretor-executivo da instituição, Carlos Henrique Oliveira de Sousa, disse em depoimento, ontem, ter conhecimento de uma investigação no âmbito eleitoral na corporação envolvendo o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). “Perguntado se tem conhecimento de investigações sobre familiares do presidente nos anos de 2019 e 2020 na SR/PF/RJ, disse que tem conhecimento de uma investigação no âmbito eleitoral cujo inquérito já foi relatado, não tendo havido indiciamento”, diz um trecho do depoimento dele à PF.

A informação contradiz declaração do presidente Jair Bolsonaro, na terça-feira. “A Polícia Federal nunca investigou ninguém da minha família”, disse. O inquérito aberto contra Flávio Bolsonaro por lavagem de dinheiro ocorreu com base nas declarações de bens dele nas eleições de 2014, 2016 e 2018. Houve um pedido de arquivamento por parte da PF em março, segundo reportagem de O Globo, mas sem que houvesse um pedido de quebra de sigilo fiscal e bancário das pessoas investigadas.

O depoimento de Oliveira faz parte do inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que investiga suposta tentativa de interferência política de Bolsonaro na PF. Ao pedir demissão do Ministério da Justiça, Sergio Moro afirmou que o chefe do Executivo queria trocar o comando da Superintendência do Rio, sem dar motivos para a mudança.

Oliveira afirmou que ele mesmo indicou o seu sucessor na superintendência da PF, Tácio Muzzi. A nomeação de Muzzi ainda não foi publicada no Diário Oficial da União, mas ele já foi escolhido para ocupar o cargo.

Também ontem, depôs o delegado Alexandre da Silva Saraiva, ex-superintendente da PF na Amazônia. Ele disse ter recebido, em agosto de 2019, uma ligação do chefe da Agência Brasileira de Inteligência, Alexandre Ramagem, perguntando se ele aceitaria assumir a Superintendência da PF no Rio e que disse que “sim”. “Que não se recorda qual cargo o Dr. Ramagem ocupava à época desse telefonema, porém recorda-se de ele ter afirmado que o presidente da República, Jair Bolsonaro, tinha alguns nomes para sugerir ao ex-ministro Sergio Moro para ocupar a função”, diz .

Durante a oitiva, Saraiva colocou em dúvida os dados de produtividade da Superintendência do Rio. Ele relatou, também, que chegou a ser questionado por Moro sobre eventual ida para a unidade da PF no Rio. “Que algum tempo após o telefonema, ora relatado, teve um encontro com o então ministro Sergio Moro, no aeroporto de Manaus, oportunidade em que o depoente foi inquirido pelo ministro nos seguintes termos: ‘Saraiva, que história é essa de você no Rio de Janeiro’,  ao que o depoente respondeu ter recebido a ligação acima relatada do Dr Ramagem.” (ST e RS)