A deputada Carla Zambelli (PSL-SP) afirmou, em depoimento, ontem, à Polícia Federal, que o presidente Jair Bolsonaro não confiava no então diretor-geral da corporação, Maurício Valeixo. De acordo com a parlamentar, isso ocorria devido à proximidade do delegado com o então ministro da Justiça, Sergio Moro, que é “desarmamentista”.
Zambelli citou desavenças entre Moro e Bolsonaro dias antes de o então ministro pedir demissão. De acordo com ela, no começo de abril, o ex-juiz e o presidente tiveram discussões envolvendo a liberação do uso de armas. Por conta disso, o chefe do Executivo teria levantando desconfiança em relação a Valeixo, pois a PF é responsável pela emissão de registro de cursos de tiro e liberação da posse e porte de armas pelo país.
Em 17 de abril, Zambelli enviou uma mensagem a Moro pelo aplicativo WhastApp. Nos dias seguintes, trocou outras conversas com o ex-ministro, tentando fazer com que ele ficasse no governo. Em troca da permanência na pasta, a deputada ofereceu a Moro apoio à indicação dele a uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF). A parlamentar descreveu-se como “ativista” para garantir a vaga de Moro na Corte.
À PF, Zambelli disse que “como ativista, chegou a trabalhar junto ao então presidente Michel Temer na indicação de Ives Gandra Martins Filho à vaga no STF do ministro Teori (Zavascki) e que poderia trabalhar junto ao presidente Jair Bolsonaro no sentido de o ex-ministro Sergio Moro vir a ocupar a futura vaga, com a vaga descendente da aposentadoria próxima do ministro Celso de Mello”.
A congressista também declarou que conversou por telefone com Valeixo e ouviu dele que havia pedido demissão do cargo no comando da PF, mas que Moro não havia aceitado. Questionada sobre as tentativas de Bolsonaro de mudar o chefe da Superintendência da corporação no Rio, Zambelli afirmou que não sabe sobre o assunto.