Correio Braziliense
postado em 12/05/2020 16:42
Está nas mãos do ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), a divulgação ou não do vídeo de uma reunião interministerial ocorrida em 22 de abril, na qual, segundo o ex-ministro da Justiça Sergio Moro, o presidente Jair Bolsonaro pressionou por mudanças na Polícia Federal.O vídeo é considerado peça fundamental no inquérito que investiga a acusação feita por Moro de que Bolsonaro tentou uma "intervenção política" na Polícia Federal para atender interesses pessoais de seus filhos. O ex-ministro foi à sede da Polícia Federal em Brasília, nesta terça-feira (12/5), onde ficou por quase sete horas. Nesse período, pôde assistir, ao lado de advogados, o vídeo da reunião.
Segundo apuração do Blog do Vicente, pessoas que assistiram ao vídeo, dizem que o vídeo é devastador para Bolsonaro. “Todos que assistiram ao vídeo ficaram atônitos. Explicitou-se o que até então eram suposições: o presidente Jair Bolsonaro só está preocupado em livrar seus filhos do cerco da PF. Por isso, ele quer tanto ter o controle do órgão e ter acesso às investigações”, contou um dos presentes ao blog. Em uma das partes do vídeo, Bolsonaro teria dito: "Querem f. minha família".
Advogados pedem divulgação
Nota assinada pelo advogado de Moro, Rodrigo Sanchez Rios, pede que o vídeo seja divulgado, por ser de "interesse público". A divulgação ou não, em tese, pouco afeta as investigações, mas pode ter um efeito político, afetando a imagem do presidente Jair Bolsonaro.
"Assistimos hoje ao vídeo da reunião interministerial ocorrida em 22 de abril. O material confirma integralmente as declarações do ex-ministro Sergio Moro na e no depoimento prestado à PF em 2 de maio. É de extrema relevância e interesse público que a íntegra desse vídeo venha à tona. Ela não possui menção a nenhum tema sensível à segurança nacional", diz a nota.
A Advocacia Geral da União (AGU) se manifesta contra a divulgação do vídeo, justamente por dizer que a reunião contém temas que dizem respeito à segurança nacional. Cabe agora a Celso de Mello decidir ou não pela divulgação.
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