Os colegas da secretária especial de Cultura, Regina Duarte, não acreditam em apoio do governo à categoria. O ator e comediante Welder Rodrigues, que iniciou a carreira em Brasília como integrante do grupo teatral Os melhores do mundo, afirma que não sairá da Secretaria Especial de Cultura nenhuma medida de apoio aos artistas durante a pandemia do novo coronavírus. “A questão não é de pessimismo, mas de realismo. Não tem e não vai ter política pública durante essa crise. O presidente considera os trabalhadores da cultura inimigos”, lamenta. “Mesmo que a Regina saia da secretaria, e eu acho que isso vai acontecer em breve, o cargo deve ser preenchido por alguém identificado com Olavo de Carvalho (guru do bolsonarismo)”, estima.
O cineasta Cacá Diegues relata que tem percebido um sentimento generalizado de tristeza entre os colegas. Porém, ele diz não se surpreender com a situação. “Esse governo sempre tratou a cultura e os artistas como inimigos. Há muita tristeza entre os produtores culturais, e não há esperança entre eles de que essa situação possa melhorar”, lamenta.
O compositor e instrumentista Fabrício Santana, que saiu da Bahia para encantar o público brasiliense com seu bandolim, revela que tem enfrentado dificuldades para prover o sustento. Ele também é pessimista em relação à atuação de Regina Duarte. “A secretária é uma admiradora da ditadura militar, e o regime abominava a classe artística. Não alimento a ilusão de que ela vá se preocupar com o que estamos passando.”