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'Brasil não pode virar uma Venezuela', dizem Bolsonaro e Guedes a Toffoli

Em reunião surpresa no STF, presidente da República e ministro da Economia alertam para os efeitos da covid-19 na economia nacional e temem que o Brasil tenha o mesmo destino de países vizinhos, como Venezuela e Argentina

O presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, surpreenderam o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, com uma reunião na manhã desta quinta-feira (7/5) junto a uma comitiva de empresários e alertaram ao magistrado sobre os efeitos da pandemia do novo coronavírus na economia nacional. Ao admitirem que o país pode entrar em colapso, Bolsonaro e Guedes fizeram um apelo para que o Brasil “volte à normalidade” e evite ter o mesmo destino de outros países da América do Sul.

Segundo o ministro da Economia, os “sinais vitais” da economia brasileira ainda estão preservados. Contudo, isso deve durar por pouco tempo. Para ele, é preciso que “roda (da economia) volte a rodar”. “A economia está começando a colapsar e não queremos o risco de virar uma Venezuela. De virar, sequer, a Argentina, que entrou em desorganização, com inflação subindo, todo aquele pesadelo de volta”, reconheceu Guedes.

Ele comentou que a economia do país está pulsando devido a medidas de proteção adotadas pelo governo federal, como o auxílio emergencial de R$ 600. No entanto, Guedes frisou que as estratégias terão efeito por, no máximo, três meses. “Embora tenhamos lançado dois, três meses de camada de proteção, talvez os sinais vitais não consigam ser preservados tanto tempo. Talvez a indústria entre em colapso antes”, analisou Guedes.

Bolsonaro acrescentou que é necessário evitar que o país mergulhe em uma crise econômica. Se não, “dificilmente poderá sair dela”. “Quando o ministro Paulo Guedes fala em Venezuela, não é o regime venezuelano, mas a economia venezuelana. Apesar de ser um país rico, com petróleo e ouro, o povo vive na miséria, porque chegou a um ponto, a economia lá, que fica muito difícil recuperar”, sustentou o presidente.

O mandatário ainda disse que alguns estados e municípios “foram longe nas medidas restritivas e as consequências estão batendo à porta de todos”. “38 milhões de informais e autônomos ou perderam a renda ou tiveram a renda substancialmente reduzida. Por parte da formalidade, quem tem carteira assinada, está batendo na casa de 10 milhões de desempregos. Esse número tende a crescer”, analisou Bolsonaro.

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O presidente destacou que “nós sabemos do problema do vírus, que devemos ter todo o cuidado possível para preservar vidas, mas temos problemas que têm cada vez mais nos preocupado”. “As consequências, o efeito colateral do vírus não pode ser mais danoso do que a própria doença. Todos estamos embarcados buscando o objetivo de resolver esse problema, porque economia também é vida. Não adianta ficarmos em casa e, quando sairmos, não ter o que comprar. Todos nós seremos esmagados por isso aí”, pontuou.