Politica

Carreiras divergem

A polêmica envolvendo o ato de Rolando Alexandre de Souza dividiu categorias de servidores da Polícia Federal. A Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef) considerou “dentro da normalidade o convite do novo diretor-geral, Rolando de Souza, a Carlos Henrique Oliveira para ser seu diretor-executivo”. Para a instituição, “apesar de a troca, neste momento, suscitar dúvidas e desconfianças sobre a possibilidade de interferência na PF do Rio de Janeiro, o atual superintendente foi alçado à posição de segundo cargo mais importante na hierarquia do órgão”.

“Como ele foi escolhido à época pelo então diretor-geral Maurício Valeixo, sua indicação vai em sentido contrário ao que poderia se configurar como um ato de intervenção política da Presidência da República”, afirmou a Fenapef. “Os policiais federais aguardam a indicação do novo nome para chefiar a superintendência do Rio de Janeiro com atenção e estão confiantes de que o governo federal vai cumprir a promessa de não tentar interferir nas investigações da Polícia Federal.”

Por outro lado, delegados da corporação até suspenderam uma nota de apoio ao novo diretor-geral, após a troca de comando no RJ. O presidente da Associação dos Delegados da Polícia Federal (ADPF), Edvandir Paiva, ressaltou que o comunicado estava sendo estruturado, mas sequer foi emitido e divulgado porque a classe precisa, primeiro, “acompanhar os primeiros atos” de Rolando.

De acordo com Edvandir Paiva, “houve ontem (segunda-feira) um boato de que haverá troca no Rio de Janeiro, por isso estamos aguardando”. O superintendente do Rio, Carlos Henrique Oliveira, foi alvo de ataques e tentativas de substituição por Bolsonaro várias vezes. É no RJ que corre o processo contra o filho do presidente, suspeito de participar, na Câmara estadual, do esquema de rachadinha – quando o parlamentar embolsa parte do salário dos funcionários.

“Vamos esperar um pouco para nos manifestarmos sobre a troca na PF”, reforçou Paiva. O presidente da ADPF afirma que em nenhum momento se tocou na possibilidade “de possível intervenção do Executivo em investigações”. No entanto, fontes da própria PF destacaram que estão tentando fazer “Carlos Henrique Oliveira cair para cima e calar a boca, com o cargo de diretor-executivo”. Assim, de acordo com as fontes, “mata-se dois coelhos com uma só cajadada: é feita a troca no RJ e o superintendente que foi tão criticado sai aparentemente beneficiado”. (AF, IS e VB).