"Os casos mais recentes, que foi da nomeação do diretor-geral da Polícia Federal, a questão dos diplomatas venezuelanos eram decisões que são do presidente da República. É responsabilidade dele, é decisão dele escolher seus auxiliares, assim como chefe de Estado ele é o responsável pela política externa do país", afirmou o vice-presidente, em entrevista à Rádio Gaúcha.
Os casos citados por Mourão envolvem a liminar do ministro Alexandre de Moraes que barrou a posse de Alexandre Ramagem, amigo pessoal da família Bolsonaro, como diretor-geral da Polícia Federal, e a do ministro Luís Roberto Barroso que suspendeu a ordem do Executivo federal de expulsar diplomatas venezuelanos que estão no Brasil representando o governo de Nicolás Maduro.
Para o vice-presidente, "os Poderes têm que buscar se harmonizar mais e entender o limite da responsabilidade de cada um". "Hoje existe uma questão de disputa de poder entre os diferentes poderes, existe uma pressão muito grande em cima do poder Executivo", frisou.
Manifestação antidemocrática
Mourão foi questionado sobre a participação de Bolsonaro em um ato antidemocrático no domingo (3/5), em que manifestantes pediam intervenção militar e o fechamento do Congresso Nacional e do STF. Na ocasião, o presidente disse que estava "no limite" e que não iria mais admitir interferências no seu governo.
"Acabou a paciência", afirmou o mandatário, acrescentando que as Forças Armadas estavam "ao lado do povo, pela lei, pela ordem, pela democracia, pela liberdade".
"Peço a Deus que não tenhamos problemas essa semana. Chegamos no limite, não tem mais conversa. Daqui pra frente, não só exigiremos, faremos cumprir a Constituição, ela será cumprida a qualquer preço, e ela tem dupla mão", declarou o presidente.
Para Mourão, a menção às Forças Armadas não significa nada mais do que uma "questão institucional". "Quando o presidente se refere ao apoio das Forças Armadas é o apoio institucional à pessoa dele como chefe de Estado e chefe de Governo", explicou, acrescentando que não existe há risco de uma intervenção militar no Brasil.
"Não vejo motivo nenhum. Em primeiro lugar porque, naquela manifestação, assim como tinha gente que pedia ou propugna ideias mais radicais e que no final das contas não param em pé, tinha uma maioria que tava pura e simplesmente para apoiar o governo do presidente Bolsonaro. Então, ela é uma manifestação que ela tem pessoas que professam, vamos dizer assim, diferentes versões do que é necessário, do que elas julgam necessário", analisou.
Saiba Mais
Mourão também comentou que Bolsonaro vive a "solidão do comando. "A gente fala da solidão do comando porque a decisão é solitária, né. É a isso que a gente se refere. O presidente é obrigado a tomar decisões diuturnamente. Ele convive muito bem com isso até porque ele escolheu, né. Pediu, você tem de arcar com as consequências, com a responsabilidade e com o peso de você ter que dirigir e governar um país das características e da amplitude do Brasil."