Politica

Cientistas para Teich: sem ações efetivas, coletivas só atualizarão mortes

Carta endereçada ao atual Ministro da Saúde cobra que pasta trace plano de ações com embasamento científico para tentar frear o número de mortos pelo novo coronavírus no Brasil

A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) —  grupo que engloba 40 entidades científicas —  publicou nessa quarta-feira (29), uma carta destinada ao atual ministro da saúde, Nelson Teich,  cobrando que a pasta trace um plano de ações com embasamento científico para conter a pandemia do novo coronavírus.

No texto, assinado pelo Presidente da SBPC, Ildeu de Castro Moreira, destacou-se o crescente no número de mortos em decorrência do novo coronavírus e o  "colapso no sistema de saúde de muitas localidades brasileiras”, para cobrar medidas pertinentes do governo.  
Continua depois da publicidade

“Se nada for feito nos próximos dias, os pronunciamentos do MS (Ministério da Saúde) se resumirão a informar o número de mortos”, afirma.

Os cientistas relatam ainda que aguardam um plano de ação do ministro para que seja feito “um combate direto e eficaz da pandemia”. “Esse plano deve conter ações emergenciais a serem implementadas o mais rapidamente possível e divulgadas, de forma a garantir a transparência das ações do ministério no atual momento sanitário pelo que passa o país”, orientam.

Os cientistas também solicitam que a pasta siga as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS), e recomende o isolamento dos casos e o distanciamento social, para que assim, o sistema de saúde não seja sobrecarregado e haja uma contenção no aumento do número de vítimas. 

“É fundamental que a população se sinta amparada e possa ouvir uma voz uníssona que reforce essas diretrizes, assumindo uma conduta única, em consonância com o que os cientistas de todo mundo pregam.”

A carta reitera que o plano de ação do ministério precisa ser baseado em dados científicos e em atitudes que surtiram efeitos positivos na contenção da COVID-19 em outros países “poupando uma quantidade enorme de vidas”, e finaliza: “a principal preocupação no momento tem que ser o respeito à vida!” 
 
 

Investimento em pesquisa


Na mesma data (29), desta vez endereçada ao ministro da Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Marcos Pontes, assinada pelo Presidente da SBPC, Ildeu de Castro Moreira e pelo Presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Luiz Davidovich, questionou a falta de investimentos em pesquisa básica e a restrição de temas de pesquisa consideradas não prioritárias. 

Saiba Mais

“Se não há a possibilidade de uma formação de pesquisadores em todas áreas e temas, o que será do futuro da ciência brasileira? Como seremos capazes de responder a problemas e desafios futuros da ciência, da tecnologia e da inovação, muitos deles imprevisíveis?, questionam os cientistas. 

A carta também pontua uma incoerência em um texto apresentado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) quanto ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica ( PIBIC), que afirma que “As bolsas de IC buscam inserir os jovens na cultura científica, despertando a vocação pela ciência, promovendo a formação de novos pesquisadores e o fortalecimento de grupos de pesquisa e impulsionando a política científica institucional.” O SBPC afirmou que concorda “inteiramente com a afirmação", no entanto, apontou a incompatibilidade do discurso com relação as medidas apresentadas.

Os cientistas propõe a discussão entre o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações e representantes da comunidade científica, “para discutir as prioridades ali colocadas e, em especial, o ponto que nos preocupa muito: a não definição clara de estratégias e prioridades referentes à pesquisa básica”, e finaliza apontando exemplos bem sucedidos de discussões anteriores entre cientistas e o governo.