O governo tem sofrido seguidos reveses no Supremo Tribunal Federal. Ontem, o decano da Corte, Celso de Mello, autorizou a abertura de inquérito contra o ministro da Educação, Abraham Weintraub, para investigar possível crime de racismo contra chineses em uma publicação feita por ele numa rede social. O pedido foi do vice-procurador-geral da República, Humberto Jacques de Medeiros.
Na última segunda-feira, Mello também autorizou a abertura de inquérito para investigar as declarações feitas pelo ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro contra Bolsonaro. O ex-juiz federal pediu demissão acusando o chefe do Executivo de tentar interferir na PF, ao exonerar Maurício Valeixo, e de buscar acesso a relatórios da corporação sobre investigações. As acusações de Moro, por sinal, embasaram a liminar expedida, ontem, pelo ministro Alexandre de Moraes para impedir a posse de Alexandre Ramagem como diretor-geral da PF.
Na semana passada, o próprio Moraes já havia determinado a manutenção dos delegados da PF que atuam nos inquéritos, em andamento no STF, para investigar a disseminação de fake news e as manifestações pelo Brasil que pediam intervenção militar no país — um desses atos, em Brasília, teve a participação de Bolsonaro. A intenção de Moraes, com a medida, foi evitar alterações nos casos em meio a mudanças na corporação.
No âmbito da pandemia, a Corte decidiu, ainda neste mês, que Bolsonaro não pode interferir nas medidas de isolamento social adotadas por governadores e prefeitos.