Após a saída traumática, para o governo, de Sergio Moro do Ministério da Justiça, o novo titular da pasta, o ex-advogado-Geral da União André Mendonça, tomou posse prometendo tudo aquilo que o presidente Jair Bolsonaro queria: alinhamento total com o chefe do Executivo, a quem chamou de “profeta do combate à criminalidade”. O comandante do Planalto devolveu o elogio, chamando o advogado, que é pastor, de “terrivelmente evangélico”.
Mendonça deixou claro que quem manda é o presidente, e que ele será apenas um instrumento, uma peça. “Vossa Excelência tem sido, há 30 anos, um profeta no combate à criminalidade. Hoje (ontem), esse ministro da Justiça assume o compromisso de lutar pelos ideais de uma vida que o senhor tem combatido”, afirmou.
Ao elogiar Mendonça e dizer que ele poderá formar a equipe de acordo com o seu entendimento, o presidente fez uma ressalva. “Uma das posições importantes, que quem nomeia sou eu, é o diretor-geral da Polícia Federal”, destacou.
Para Mendonça, não houve qualquer menção de “carta branca” ou “porteira fechada”, como Bolsonaro costuma dizer a ministros. Moro, agora considerado por apoiadores irrestritos do presidente como um traidor, não foi ao evento, tampouco houve qualquer citação ao nome dele, nem da parte do presidente nem do sucessor dele na pasta. Ainda que Bolsonaro tenha deixado claro que a indicação da PF é dele, o novo chefe da Justiça e Segurança Pública ressaltou: “Cobre de nós mais operações da Polícia Federal”.
O novo ministro da Justiça afirmou que a intenção é de uma integração constante entre os dois. “Vamos trabalhar com diálogo, seriedade, integridade, comunicação, interação, onde nenhum de nós é mais importante do que o outro, mas o grande ator é o povo”, disse. E completou: “O povo o elegeu para isso, e eu serei o fiel missionário dessa mensagem”. Ele deixou claro que está disposto sempre a prestar contas “não só ao chefe da nação, mas a todo povo brasileiro”.
Retaguarda jurídica
De acordo com Mendonça, a atuação dele será “técnica e imparcial”. Disse, no início do discurso que, de antemão, gostaria de fazer alguns compromissos com a nação. Falou sobre luta contra a corrupção, crime organizado, tráfico de drogas e armas e abuso sexual contra crianças e adolescentes.
O advogado frisou, ainda, a importância das forças de segurança, chamando os integrantes de heróis e prometendo buscar “retaguarda jurídica e valorização”. “Essas pessoas têm de ser valorizadas. Temos de reconhecer o valor dos agentes de segurança e vamos trabalhar para esse fortalecimento, dando princípios de autonomia, independência, responsabilidade, integridade, transparência e controle.”
Mendonça também pontuou as ações integradas com estados e municípios, dizendo que a criminalidade não é mais um sistema hierarquizado. “Não se faz o combate à criminalidade em rede se não envolver estados, municípios e até outros países”, pregou.
Agradecimento
André Mendonça agradeceu ao ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Oliveira, que estava sendo cotado para assumir o cargo de ministro da Justiça. Disse que ele “tem sido exemplo de integridade, sobriedade”. Nesse momento, Bolsonaro se levantou para aplaudir Oliveira, e foi seguido pelo restante dos presentes. “O senhor tem aberto mão de oportunidades para melhor servir o Brasil. Se tem alguém que tem ministrado Justiça, nesta Esplanada, é o senhor.”