O presidente Jair Bolsonaro declarou nesta terça-feira (28/4) que a Polícia Federal continuará investigando a facada que ele recebeu em setembro de 2018, durante compromisso de campanha eleitoral em Juiz de Fora (MG).
“Vai ser reaberta a investigação. Foi negligenciado. Foi a conclusão. Foi um lobo solitário. Como pode um lobo solitário com três advogados? Quatro celulares? Inclusive, andando pelo Brasil”, reclamou o presidente a apoiadores nesta noite, em frente ao Palácio da Alvorada.
Até hoje, Bolsonaro se queixa de a investigação não ter chegado ao responsável por tramar o atentado. Segundo ele, é impossível que Adélio Bispo, autor da facada, tenha agido sozinho, a despeito de o inquérito final da Polícia Federal ter concluído exatamente isso.
Questionado por jornalistas se é a favor de que as investigações sejam retomadas, Bolsonaro aquiesceu e ainda comentou que o episódio é "200 vezes mais fácil de solucionar que o da Marielle (Franco)", vereadora do Rio de Janeiro assassinada em março de 2018.
“Defendo que, em sendo legal, em sendo possível, sim”, disse. “A conclusão que chegou lá é que é um lobo solitário. Eu acho que não era um lobo solitário. Eu não quero forçar a barra nem descobrir, inventar um responsável. Tá longe, tá longe. Nunca passou por mim cometer injustiças”, completou o presidente.
Não é a primeira vez que Bolsonaro compara o atentado que sofreu à morte da vereadora. Na semana passada, inclusive, quando Sergio Moro decidiu deixar o Ministério da Justiça e Segurança Pública, ele reclamou que "a PF de Sergio Moro mais se preocupou com Marielle do que com seu chefe supremo".
Apesar de não classificar como interferência, Bolsonaro disse que pediu a Moro que a Polícia Federal continuasse investigando o caso da facada, o que o ex-ministro sempre condenou. Além disso, o presidente teria afirmado que gostaria de ter acesso a relatórios de inteligência da corporação, algo que Moro também não concordava.
A situação dos dois ficou insustentável quando Bolsonaro decidiu exonerar Maurício Valeixo do posto de diretor-geral da PF sem o aval de Moro. O presidente disse que gostaria de um novo diretor-geral na corporação para ter “todo dia um relatório do que aconteceu nas últimas 24 horas para poder bem decidir o futuro dessa nação”.
Saiba Mais
Após a nomeação, alguns partidos já recorreram à Justiça para impedir que Ramagem tome posse à frente da Polícia Federal. Segundo Bolsonaro, caso haja alguma decisão judicial que barre a nomeação de Ramagem, ele vai aceitar. "Ação na Justiça, se tiver alguma, se tiver liminar, não assume. Eu respeito a Justiça."