Politica

Em áudio, Joice Hasselmann pede a criação de 'vários perfis' nas redes

Deputada federal se defendeu em seu Twitter dizendo que não pede que sejam criados perfis falsos, mas sim oficiais, para defendê-la de ataques

Foi publicado nesta terça-feira (28/4) um áudio em que a deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP) pede a criação de perfis nas redes sociais para apoiá-la. O áudio foi publicado pela TV Record, e também por perfis bolsonaristas no Twitter. Nele, a deputada pede que sejam criados vários perfis, e cita o Twitter e o Instagram. 

"Acabei de chegar em São Paulo. Cheguei há pouco para umas entrevistas, mas podia falar com a turma aí para fazer vários perfis e entrar de sola no Twitter especialmente, Instagram, porque eles estão colocando todas as milícias lá e robôs para cima de mim, entendeu?”, disse. 

Após a divulgação do áudio, a hashtag #GabineteDaPeppa foi para a lista de assuntos mais comentados no Twitter. Em resposta, a parlamentar admitiu a veracidade do áudio e justificou que pediu "a criação de perfis para esclarecer as fakes" contra ela. "'EquipeJH', 'VerdadeJH' e mais alguns atrelados ao meu perfil oficial. É piada me criticarem por solicitar a criação de perfis verdadeiros e não fakes para me defender e não para atacar ninguém", escreveu.

Os dois perfis com o nome citado pela parlamentar não parecem ser oficiais. Existe um perfil no Twitter chamado EquipeJH com data de criação de julho do ano passado. Nele, consta o nome da deputada escrito de forma errada ("Jioce Hessalnamm), com a foto de um porco de pelúcia de peruca, um dos personagens da série infantil Os Muppets

Outro perfil, "VerdadeJH", foi criado em março deste ano e é claramente uma crítica à deputada, com o nome "Gabinete da Peppa" e com a descrição "a primeira agência de fact-checking do bacon". A reportagem questionou à assessoria se os perfis citados por Joice são oficiais da parlamentar e aguarda retorno. 

A assessoria de imprensa enviou uma declaração da parlamentar na qual ela diz ter solicitado ajuda a grupos de WhatsApp de apoiadores "para entrarem na luta contra as milícias" com ela. "Não sei quantos perfis novos de apoio vieram, nem os nomes, apenas pedi ajuda", disse. Joice afirma que quando falou em "Equipe JH", se referiu à forma como as publicações são assinadas em seu Instagram, quando não é ela que responde, e sim sua equipe. 

"Não é um perfil, mas uma assinatura. Por esse motivo dei esses exemplos mesmo sem checar. Por irônica coincidência, caiu nesses dois perfis. São exemplos das centenas de fakes que estão por aí e que mostram a forma rápida de atuação da milícia. O gabinete do ódio está criando perfis falsos com meu nome e os criminais serão denunciados”, pontuou.
 
A deputada também publicou em seu Twitter um texto dizendo: "Eu confesso. Pedi às tia do Zap (WhatsApp, aplicativo de troca de mensagem) para criaram perfis e me ajudar nas redes contra as milícias/robôs". Em um vídeo publicado nas redes sociais, Joice afirma que não há nada de ilegal ou imoral no áudio em que ela pede criação de perfis.

"Em nenhum momento em falo de perfis falsos ou inclusão de robôs. Quem faz essa sujeira é essa gente que está lotada em gabinetes dos bolsonaristas e também no Palácio do Planalto", disse. 

Investigação 

A deputada afirmou que irá pedir à PF uma investigação para saber se o seu celular foi grampeado. "Quem está por trás disso? No momento em que o presidente vem a público com a informação falsa de que eu teria pedido a criação de perfis fakes, o que não é verdade, o presidente imediatamente assina o atestado de culpa de que ele é o capitão do gabinete do ódio", disse.
 
Na última segunda-feira (27), na porta do Palácio da Alvorada, o presidente não citou o nome de Joice, mas descreveu uma fala parecida com a da parlamentar, dizendo ainda que tinha posse do áudio há mais de um mês. "Se eu tivesse um áudio de uma deputada muito conhecida aí, ela passando para uma pessoa e falando o seguinte: 'Olha, cria mais uns perfis falsos aí para atacar fulano de tal'. Você acha que ia pegar mal para essa deputada?"

Ao ser questionado sobre quem seria a deputada, o presidente riu e afirmou que é uma parlamentar muito ativa na CPIM, se referindo à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito das Fake News. Bolsonaro disse que a pessoa em questão estava acusando outros de atos cometidos por ela, e pontuou ainda que não é uma parlamentar de esquerda e que é de São Paulo. "Estou evitando há mais de um mês que esse aúdio chegue a conhecimento público, porque vai pegar muito mal para ela", afirmou.
 

Depoimento na CPMI das Fake News

Saiba Mais

Joice Hasselmann, que durante a campanha presidencial atuou ao lado do presidente, rompeu com ele ainda no ano passado e se tornou uma das grandes inimigas do bolsonarismo. 

Em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fakes News, em dezembro do ano passado, ela acusou os filhos do presidente de comandarem uma rede de ataques por meio das redes sociais, chamado de "gabinete do ódio". Na ocasião, ela disse que cada atuação de robô custa, em média, R$ 20 mil e que há dinheiro público envolvido.