“Fazer oitiva presencialmente, com a pandemia, é arriscado. E é complicado também colhermos depoimentos remotamente porque haverá dificuldade de os parlamentares questionarem o ministro Moro”, argumentou à Rádio Senado nesta terça-feira (28/4). A justificativa da preocupação são as denúncias do ex-ministro da Jusitça e Segurança Pública, Sérgio Moro, contra o presidente da República. O anúncio de demissão de Moro, que terminou com o ex-juiz afirmando que Jair Bolsonaro quer interferir em investigações da Polícia Federal, trouxe novo fôlego aos trabalhos, por enquanto, suspensos por conta da crise do coronavírus.
Os integrantes tem um total de 162 requerimentos de depoimento de convidados e investigados. Angelo Coronel já explicou que nem todos serão ouvidos, mas é preciso votar os pedidos para definir os rumos. O deputado federal Túlio Gadelha (PDT-PE) pediu o depoimento de Moro logo após a demissão do ex-ministro, na última sexta (24). Além dele, também está na fila para interrogatório o ex-diretor geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, motivo da crise entre Moro e Bolsonaro. Além disso, um dos requerimentos de convocação é do próprio presidente da comissão.
“O depoimento de Moro é de grande valia, já que Moro saiu atirando no governo”, afirmou Angelo Coronel. Para o rpesidente, como Moro não se posicionou antes sobre o comportamento do presidente, prevaricou. Principalmente ao ser questionado sobre as investigações da PF em relação aos ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF). “Deveria ter denunciado logo e ele como juiz sabe muito bem disso”, explicou. Também teria cometido crime de corrupção passiva ao pedir ao presidente uma pensão para a esposa caso viesse a morrer em decorrência do trabalho contra o crime organizado.
Saiba Mais
Ainda não está certo como será a contagem do tempo de prazo da CPMI com a volta dos trabalhos. Outro desafio é a infraestrutura, pois se trata de uma comissão com deputados e senadores e será necessário o uso de aparatos técnicos das duas casas. Em 15 de maio, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), avaliará a possibilidade de reuniões presenciais, segundo dados e a gravidade da pandemia do coronavírus. Em um cenário favorável, poderia haver uma retomada em junho.