Correio Braziliense
postado em 28/04/2020 14:33
Delegado da Polícia Federal (PF), Alexandre Ramagem foi escolhido para ser o novo diretor-geral da corporação em meio a polêmicas. Antes mesmo de publicada a sua nomeação, nesta terça-feira (28/4) no Diário Oficial da União, partidos e figuras políticas já falaram que iriam ingressar com ação para impedir que o delegado seja o chefe da PF. O PSOL e o PDT, por exemplo, já agiram contra a nomeação. A saída do ex-diretor se deu em meio a uma crise, quando o ex-ministro Sérgio Moro, após a exoneração de Maurício Valeixo da PF, pediu demissão e acusou o presidente de repetidas tentativas de interferência política na PF, dizendo não havia motivo para trocar de diretor. Somado a isso, aponta-se que Ramagem tem uma relação de amizade com um dos filhos do presidente, o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro. Nas redes sociais do parlamentar, há uma foto dos dois no réveillon de 2019.
O novo diretor-geral está na PF desde 2005, e atuou na Operação Lava Jato no Rio de Janeiro, em 2017. Posteriormente, coordenou o trabalho da PF junto ao Tribunal Regional Federal da 2ª Região. No governo do presidente Jair Bolsonaro, ele foi nomeado superintendente regional da PF no Ceará em fevereiro de 2019, mas preferiu assumir o cargo de assessor especial da Secretaria de Governo da Presidência da República, como auxiliar do então ministro de Estado, o general Carlos Alberto Santos Cruz. Em julho, foi nomeado diretor da Abin.
Sua carreira foi iniciada na Superintendência Regional da PF em Roraima. Dois anos depois, ele foi nomeado delegado regional de Combate ao Crime Organizado. Em 2011, foi transferido para a sede do departamento da PF em Brasília para criar e chefiar uma unidade de Repressão a Crimes contra a Pessoa. Em 2013, o delegado assumiu a divisão de recursos humanos e partir de 2016 passou a ser responsável pela área de estudos, legislações e pareceres da PF.
Ramagem atuou como coordenador de segurança do presidente Jair Bolsonaro, quando ainda era candidato. Bolsonaro diz tê-lo conhecido no primeiro dia depois de ter sido eleito em 2018. Conforme o presidente, antes da eleição já contava com uma equipe de segurança da PF. Depois, a segurança foi ampliada e alguns integrantes foram trocados. “Um dos que chegou lá, de extrema confiança da PF, foi o Ramagem”, disse.
O presidente relatou que o homem dormia na casa vizinha e tomava café com ele. “Foi no casamento de um filho meu. Tem nada a ver a amizade dele com meu filho. Isso foi depois, e eu passei a acreditar no Ramagem. Conversava muito com ele, trocava informações, uma pessoa inteligente, bem informada e que demonstrou ser uma pessoa da minha confiança. Então, a partir do momento que eu tenho uma chance de indicar alguém para a PF, por que não o indicaria?”, afirmou.
Ramagem também possui experiência na coordenação de grandes eventos, tendo atuado na Conferência das Nações Unidas Rio %2b20, em 2012, Copa das Confederações, em 2013, Copa do Mundo, em 2014, e os Jogos Olímpicos, 2016.
Sabatina
Depois de ter sido indicado à Abin, Ramagem teve que passar pela aprovação do Senado. Na época, foi sabatinado pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) da Casa. Filho do presidente Jair Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro o elogiou.
“Goza de total confiança. A sua qualificação, o seu currículo... Acho que por isso se escolheu um delegado da Polícia Federal, um segmento, um exercício de uma função... Para chegar até onde o senhor chegou, já passou por vários crivos, e sua competência não é questionada de jeito nenhum. Então, só desejar sucesso”, disse na ocasião.
*Com informações da Abin
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