Operação “segura Guedes” para reforçar Bolsonaro
Depois de perder dois ministros populares, Jair Bolsonaro começa a semana restabelecendo o poder de comando do ministro da Economia, Paulo Guedes, como era no início do governo. Esse movimento vai muito além da tentativa óbvia de estancar a sangria de apoiadores entre empresários e mercado financeiro. Ao manter o apoio desses setores, o presidente quer amortecer os movimentos contrários de congressistas e, por tabela, dificultar a instalação de uma nova Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as denúncias do ex-ministro da Justiça Sergio Moro.
Aliados do presidente estão convencidos de que, se mantiver a economia no caminho prometido na campanha, ou seja, com ajuste fiscal e sem gastar a rodo mais à frente, quando a pandemia passar, Bolsonaro manterá o mercado e o setor empresarial ao seu lado e evitará a perspectiva de qualquer pedido de impeachment. Até aqui, os dois presidentes que perderam o cargo em processos desse tipo, Fernando Collor de Mello e Dilma Rousseff, estavam com a economia em frangalhos.
Se Guedes continuar como o fiador de dias melhores no pós-pandemia, pelo menos até as eleições de 2022, acreditam os bolsonaristas que qualquer ação mais contundente contra Bolsonaro permanecerá na gaveta.
O pacificador
Quem comandou a operação que terminou recolocando Guedes no lugar de destaque foi o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que, já na sexta-feira, detectou um cenário preocupante de elevação do Risco Brasil e fuga de investidores. Em conversa com Guedes e Tereza Cristina (Agricultura), marcou o café com o presidente para que, juntos, alertassem para a necessidade de reforço político à equipe econômica.
Os cacifados
Além de Guedes, Tereza e Campos Neto, está nesse rol o ministro de Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, também visto como um craque fundamental para levar adiante a agenda de concessões.
Um pelo outro
Ao colocar o advogado-geral da União, André Mendonça, no Ministério da Justiça, Bolsonaro espera arrefecer o clima contra Alexandre Ramagem na Polícia Federal.
O problema da PF
O novo diretor-geral da PF terá que arrumar um meio de preencher as 4.500 vagas existentes no efetivo da comporação. No total, são 15 mil policiais federais em todo o país e só há 10,5 mil na ativa.
Lombardia...
O prefeito de Porto Alegre, Nelson Marquezan Filho, está numa sinuca de bico. É que a semana começou com os vereadores aprovando leis de volta ao trabalho, sem a menor base científica em plena pandemia. Tudo começou quando os evangélicos apresentaram um projeto de lei para reabertura dos templos. E, aí, começou o toma lá dá cá.
...ou Nova York é aqui?
Com o projeto, defensores de outros segmentos pediram aos cristãos que apoiassem suas emendas para liberação de construção civil, bares, restaurantes, lancherias (como os gaúchos chamam as lanchonetes) e por aí foi, cada um defendendo o seu nicho. “Um absurdo. Não vi isso em nenhum lugar do mundo”, diz o prefeito, que até aqui mantém a situação sob controle graças ao isolamento.
Os amigos/ Sergio Moro (foto) e Paulo Guedes se aproximaram tanto no governo que era comum encontrá-los no restaurante Avenida Paulista, nas noites candangas, para tomar um vinho depois do longo expediente.
A máscara e o sapato/ O sapato que o ministro da Economia usava era um modelo de uFrog, calçado de neoprene com solado antiderrapante desenvolvido no Brasil por Meg Gonzaga, irmã do ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral Admar Gonzaga. Já a máscara, dizem amigos do ministro, proteção por causa do vírus e, de quebra, esconder sua insatisfação com a situação.
"Sou a favor de que se investigue e confio no nosso presidente. Se Bolsonaro aprontar, fizer coisas graves, não vou apoiar, mas está longe de aparecer alguma coisa contra Bolsonaro”
Deputada Bia Kicis (PSL-DF)