Edvandir defendeu que as acusações feitas pelo ex-ministro da Justiça e Segurança Pública devem ser apuradas. "O ministro da Justiça saiu fazendo acusações sérias que precisam ser apuradas. Não vamos entrar no mérito das acusações, mas isso criou uma crise desde a semana passada", disse ele. Segundo o presidente da ADPF, é necessário que Bolsonaro se comprometa a dar autonomia ao novo diretor-geral.
"Nós estamos apresentando ao presidente, publicamente, algo que nós consideramos uma solução: ele fazer uma declaração expressa de que o novo diretor-geral, seja lá qual for, terá condições e autonomia para montar sua equipe e tocar os projetos da Polícia Federal sem nenhuma pressão governamental. É importante a palavra do presidente nesse sentido e que, ao mesmo tempo, encaminhe ao Congresso Nacional propostas de mandato para o diretor geral com escolha mediante lista e também a autonomia financeira e administrativa da PF", disse Edvandir.
Ele também falou sobre a tentativa de assassinato sofrida por Jair Bolsonaro em 2018, quando ainda era candidato à Presidência da República. O presidente da ADPF afirmou que a PF tentou esgotar todas as linhas investigativas. "Ele reclamou em um pronunciamento que nós quisermos demonstrar publicamente que não há nada daquilo que ele afirmou. Nós trabalhamos no limite para trazer a verdade dos fatos, como fizemos em todas as outras situações."
A carta da ADPF
Em carta aberta, a ADPF fez críticas às tentativas de interferência na Polícia Federal. "A Polícia Federal é um órgão de Estado, e integra a rede de controle (accountability), portanto deve exercer a sua missão constitucional independentemente das convicções e decisões políticas de qualquer governo", diz um trecho.
O documento pede ao presidente que mantenha uma distância republicana, de modo a evitar que qualquer ato seu seja interpretado como tentativa de interferência política nos trabalhos do órgão. Esclarece, ainda, que é comum que as investigações esbarrem em detentores de poder político e econômico, e tem como uma das atribuições, "exercer uma parcela do controle dos atos da administração pública federal, incluindo os da própria Presidência da República".
O documento alerta ainda a Bolsonaro que as investigações e os relatórios de inteligência da PF são sigilosos e não existe nenhuma previsão do fornecimento de informações diárias à Presidência, como o próprio Bolsonaro admitiu que queria.
Saiba Mais
O documento acrescenta que a instituição segue regras rígidas e busca realizar as investigações da melhor forma possível, prezando pela neutralidade político-partidária. A carta afirma, ainda, que se não houvesse ruídos de comunicação e Bolsonaro houvesse compreendido isso, os fatos da semana passada não teriam ocorrido.
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*Estagiário sob a supervisão de Fernando Jordão