Kanner diz ainda que é possível que o ministro da Economia, Paulo Guedes, saia em breve.
Qual o impacto da saída do ministro Sérgio Moro?
É impressionante. Todo mundo acreditou que Bolsonaro pudesse fazer uma transformação na política brasileira, uma limpa, combater a corrupção. Hoje, qualquer tipo de esperança que a gente pudesse ter no Bolsonaro veio por água abaixo. Não só pela saída do Sérgio Moro, gravíssima, que abala fortemente a base de sustentação do governo, mas as acusações são extremamente graves. Essa interferência, que ele queria ter na Polícia Federal, não vimos nem na época do PT quando começou a Lava Jato. Mostra outra faceta do Bolsonaro que até agora não havia sido exposta. Faz a gente perder qualquer tipo de confiança que a gente podia ter no presidente. Vai ser a palavra de um contra a do outro. Mas eu acredito no Moro de que o presidente queria ter alguém na PF.
O senhor representa um grupo de empresários que apoiou o presidente. Como fica?
O apoio fica completamente abalado. Apoio se perde. Não tem como manter apoio a um presidente que vai tão de desencontro aos valores que o elegeram. A gente elegeu o Bolsonaro para combater a corrupção e ele está fazendo o contrário. Não posso falar por todos. Mas, sem dúvida, é o começo do fim do Bolsonaro. Dificilmente, ele vai conseguir uma base de apoio dos empresários. Até por causa do isolamento do Paulo Guedes.
É o alvo da vez bolsonarista?
Esse plano Pró-Brasil sem a participação de Paulo Guedes... imagino que o ministro deva sair em breve do governo. Isso realmente destrói qualquer esperança que a gente possa ter. Do ponto de vista econômico, é muito grave. A gente vinha de uma mudança de rota da economia, buscando uma recuperação econômica. Vai ser muito difícil a retomada. É muito incerto. Não temos como saber se o Paulo Guedes vai permanecer ou sair.
Qual a expectativa em relação à permanência do ministro?
Ele já entrou em rota de colisão. Se a gente acompanha todos os casos, eles sempre acabaram em demissão. É possível que o Paulo Guedes saia do governo em breve.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.