Politica

Reale Jr. defende impedimento


Um dos autores do pedido de impeachment contra a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), o jurista Miguel Reale Jr., ministro da Justiça do governo Fernando Henrique Cardoso, disse que chegou o momento de pedir o impedimento do presidente Jair Bolsonaro.

“Sem a menor dúvida, é o caso de pedir o impeachment dele. Essa revelação do Moro hoje (ontem) mostra que o presidente não conhece a esfera da Polícia Federal. Eu fui ministro da Justiça é nunca interferi em um inquérito. Ele querer ter acesso e acompanhar os inquéritos é uma afronta ao Poder Judiciário”, ressaltou.

Reale afirmou, porém, que, desta vez, não pretende apresentar um pedido de impedimento. “Eu já recebi solicitação de A a Z, mas não pretendo apresentar nenhum pedido”. Para o ex-ministro, o presidente da República apresenta uma mistura de “paranoia e insanidade”. “É como um bêbado que um dia cai no meio do salão”, comparou.

Por sua vez, o advogado Flávio Henrique Costa Pereira, também autor do pedido de impeachment de Dilma, afirmou que as declarações de Moro configuram crime de responsabilidade de Bolsonaro. “Em termos jurídicos, os fatos, comprovados, são contundentes e configuram crime de responsabilidade a ensejar o impeachment do presidente. Quando elaborei, com Janaína Paschoal e Miguel Reale Jr., o pedido de impeachment de Dilma Rousseff, os fatos eram, de longe, muito menos graves do que esses”, frisou.

Flávio Henrique Costa Pereira subscreveu a denúncia apresentada por Miguel Reale Jr, Janaína Paschoal e Hélio Bicudo, que pediu a saída de Dilma por crime de responsabilidade, ao continuar com a prática das chamadas pedaladas fiscais em 2015.

Segundo Costa, a “principal diferença dos fatos narrados pelo ex-ministro Sérgio Moro e os crimes de responsabilidade praticados pela ex-presidente Dilma Rousseff está no dolo da conduta”. “Dilma tinha como objetivo encontrar espaço para investir mais recursos públicos, enquanto Bolsonaro, ao que se indica, controlar um órgão de Estado em benefício próprio”, argumentou. “Embora ambas as condutas sejam graves, a conduta criminosa revela objetivos mais ímprobos por parte do presidente Jair Bolsonaro. As consequências econômicas para o país, sentidas até hoje, revelam o quão grave também foram as ações da ex-presidente.”

Eu fui ministro da Justiça é nunca interferi em um inquérito. Ele querer ter acesso e acompanhar os inquéritos é uma afronta ao Poder Judiciário”
 
 
Miguel Reale Jr., um dos autores do pedido de impeachment de Dilma