Correio Braziliense
postado em 24/04/2020 18:32
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi para o ataque na tarde desta sexta-feira (24) durante pronunciamento em rede nacional. Ele rebateu as acusações que o ex-ministro da Justiça, Sergio Moro fez pela manhã ao anunciar sua demissão e disse que a exoneração “a pedido” do ex-diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, foi negociada com ele. “Desculpe, senhor ministro. O senhor não vai me chamar de mentiroso”, afirmou o chefe do Executivo.“Sobre a exoneração do Dr. Valeixo, diretor geral da PF, pela lei 1397 de 2014 é prerrogativa do presidente da República a nomeação e exoneração do diretor geral. Bem como de vários outros cargos da administração direta. A exoneração ocorreu após uma conversa minha com o ministro da Justiça pela manhã de ontem. A noite, eu e o dr. Valeixo conversamos por telefone e ele concordou com a exoneração a pedido. Desculpe, senhor ministro. O senhor não vai me chamar de mentiroso. Não existe uma acusação mais grave para um homem como eu, militar, cristão e presidente da República do que ser acusado disso. Essa foi a minha conversa com dr. Valeixo e mais ainda, não só a imprensa publicou no dia de ontem e de hoje, bem como entre aspas o doutor Valeixo, em contato com a superintendência do Brasil, comunicando que estava cansado, que desde janeiro queria sair. Então não foi uma demissão que causasse surpresa a quem quer que fosse”, apontou Bolsonaro.
O chefe do Executivo negou que tenha interferência na Polícia Federal e se mostrou chateado ao dizer que não pode aceitar que sua autoridade seja confrontada por ministros. “A Polícia Federal é uma instituição de Estado. Ela deve se conduzir de acordo com a Constituição Federal e as leis do país, não importa quem as conduza. Não abro mão disso, não existe possibilidade de interferência na PF. Sua própria estrutura e seus profissionais garantem autonomia de suas investigações. Essa autonomia é inerente à instituição e independente de governos. Não posso aceitar minha autoridade confrontada por qualquer ministro. Assim como respeito a todos, espero o mesmo comportamento. Confiança é uma via de mão dupla. Continuarei fiel a todos os brasileiros, seguirei no combate a criminalidade, as organizações criminosas e no trabalho para redução da criminalidade. O governo continua, o governo não pode perder a sua autoridade por questões pessoais de alguém que se antecipa a projetos outros”, ressaltou.
Bolsonaro ainda alfinetou o ex-ministro dizendo que o mesmo possui um compromisso com o ego próprio e que tem projetos políticos pessoais. O presidente disse também que se sentiu decepcionado e surpreso com a atitude do ministro de pedir demissão por coletiva, sem antes ter entregue a carta ao presidente ou ter tido uma última conversa.
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E emendou: “Não são verdadeiras as insinuações de que eu desejaria saber sobre investigações em andamento. Nos quase 16 meses em que esteve à frente do Ministério da Justiça, o sr. Sérgio Moro sabe que jamais lhe procurei para interferir nas investigações que estavam sendo realizadas, a não ser aquelas, não via interferência, mas quase como uma súplica sobre o Adelio, o porteiro e meu filho 04”, concluiu Bolsonaro.
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