Considerado um provável sucessor de MaurÃcio Valeixo no comando da PolÃcia Federal, o delegado Alexandre Ramagem Rodrigues, de 47 anos, atual diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), chefiou em 2018 a equipe responsável pela segurança do então candidato eleito Jair Bolsonaro e goza da confiança dos filhos do presidente.
A tarefa que colocou o policial na vigilância direta de Bolsonaro por cerca de dois meses demandou "trabalho intenso de inteligência". Ramagem foi o terceiro delegado a assumir a missão. O primeiro, Daniel França, foi substituÃdo após o então candidato sofrer um atentado em Juiz de Fora, Minas Gerais. O outro, Antonio Marcos Teixeira, foi retirado logo após o segundo turno, em 28 de outubro.
Alexandre Ramagem passou em concurso da PolÃcia Federal em 2005. Chegou a ser nomeado superintendente no Ceará no ano passado, mas não chegou a assumir o posto. Foi convidado para trabalhar em BrasÃlia, perto de Bolsonaro, como auxiliar direto de Carlos Alberto Santos Cruz, então chefe da Secretaria de Governo. Permaneceu como assessor especial de Luiz Eduardo Ramos, sucessor de Santos Cruz no cargo.
Da assessoria, foi indicado a chefe da Abin com a autoridade de quem gozava da "total confiança" da famÃlia Bolsonaro. Ele chegou ao posto depois de um lobby do deputado Eduardo, escrivão de carreira da PF, do vereador Carlos e do senador Flávio Bolsonaro.
Na sabatina realizada pela Comissão de Relações Exteriores do Senado, como etapa do processo de nomeação, em junho de 2019, Flávio Bolsonaro fez diversos elogios ao policial. "Goza da total confiança", disse o parlamentar na ocasião. "A sua competência não é questionada em momento nenhum", afirmou o filho do presidente.
Flávio também fez votos para que delegado e equipe pudessem "alimentar" o presidente com informações para tomada de "decisões importantes". "É fundamental ter uma equipe que dispõe não só de tecnologia de ponta, à frente daquelas usadas por marginais, mas também do pessoal qualificado, que tenha a visão, a percepção, a iniciativa de identificar o que é importante, para que se busque, para alimentar o presidente da República e toda sua equipe", disse o senador.
O parlamentar é alvo de investigações no Rio de Janeiro que apuram esquemas no gabinete do então deputado estadual. A pressão sobre Flávio se intensificou ainda em dezembro de 2018, quando o Estado revelou movimentações atÃpicas nas contas do ex-policial militar FabrÃcio Queiroz, seu assessor na Assembleia Legislativa.