Politica

Relatora da CPMI avalia possibilidade de CPI para apurar denúncias de Moro

A relatora das Fake News disse ver relação entre a dita preocupação de Jair Bolsonaro com investigações da Polícia Federal contra seus filhos

A relatora da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News, Lídice da Mata (PSB-BA) comentou, em uma live, ações da Câmara contra o presidente da República, Jair Bolsonaro, após a demissão de Sérgio Moro do Ministério da Justiça e Segurança Pública. Além de pedidos de impeachment, a deputada destacou que colegas de legenda já colhem assinaturas para uma CPI para investigar as denúncias que Moro fez contra o presidente da República, entre elas, de aparelhar a Polícia Federal e de falsificar a assinatura do ex-juiz na exoneração do diretor geral da PF, Maurício Valeixo.

Na live, Lídice disse ver relação entre a dita preocupação de Jair Bolsonaro com investigações da Polícia Federal contra seus filhos, por envolvimento com fake news, e o trabalho da CPMI. “As investigações iniciadas no Supremo Tribunal Federal (STF), que investigam a prática de fake news contra as autoridades e os ministros, e que coincidem com o período da instalação da CPMI, teriam chegado até a porta da casa do presidente. Teria alcançado Carlos Bolsonaro. E coincide, também, com o Eduardo (Bolsonaro) indo até o STF para parar a prorrogação do prazo da comissão, tentando criar uma cortina de fumaça sobre o processo que interessava a ele, de investigação de fake news contra o Supremo”, afirmou.

Questionada sobre ilegalidades na demissão de Valeixo, ela destacou Três pontos que chamaram sua atenção. “Um é que ele diz ao presidente que era importante manter, fosse quem fosse, que mantivesse uma postura de não intervenção política na PF, e o presidente diz que é uma intervenção política sim. Isso é muito grave. Outra é quando ele afirma que o presidente disse que está preocupado com o inquérito do Supremo, que Seria outra ilegalidade. Há um cometimento de crime nessa direção. E também diz que não haveria intervenção só na superintendência geral, mas generalizada, mudando diversas superintendências, dando uma ideia de que o presidente quer interferir em investigações. Ele diz que queria um superintendente que pudesse pegar o telefone e perguntar sobre investigações e o superintendente lhe informar. Isso é uma quebra total na legalidade”, criticou.

Nesse ponto da live, a parlamentar cita a intenção do PSB de criar uma CPI. Lídice é questionada sobre a intenção do presidente de transformar a PF em uma “guarda palaciana de proteção partidarizada”. “Essas denúncias abrem uma discussão que já ocorria nos bastidores, sobre o impeachment do presidente. Dois advogados entraram com um pedido sem nenhuma motivação político-partidária, mas pelas ações do presidente em relação ao enfrentamento da pandemia. E o presidente fez movimento de buscar apoio do centrão para garantir votos. Isso ficou claro no noticiário nacional, inclusive com a informação dos cargos em negociação, Caixa Econômica, Banco do Nordeste, Codevasf e outras grandes instituições nacionais”, elencou. 

“Agora, a informação de um ministro que foi para o governo levando uma grife do combate a corrupção, e uma grife da Lava Jato, o presidente perde apoio. Já há, na Câmara, movimentação para instalação de uma CPI. Para que o ministro Moro possa reafirmar tudo o que falou em sua demissão e que se possa investigar esse processo, da demissão do superintendente e demissão de Moro. A palavra está com o presidente, que tem que se explicar. Na denúncia de Moro há claro cometimento de crime contra a República, contra a Constituição”, disse. 

Saiba Mais

Questionado sobre a possibilidade de um golpe, e se Bolsonaro teria força e apoio, Lídice foi cuidadosa na resposta. “Sou uma política prática. Uma deputada que, há muitos anos, atua na política. Não sou cientista política. Esses são os dois caminhos, que estamos vendo como referência de caminhada no Brasil. Que afirmar, não sei. Estamos em plena ebulição de uma crise. Não tenho dúvida que o presidente deseja um governo do tipo autoritário, baseado no apoio das forças militares, mas não sei em que nível isso se impõem, e se ele tem força para se impor em um modelo desse”, ponderou. 

Lídice também destacou que o mais importante, no momento, deve ser o combate ao coronavírus. “O papel do congresso é muito importante na defesa da democracia, manutenção de Congresso aberto atuante, com medidas de proteção a população em uma pandemia, de defesa à vida dos trabalhadores. Proteção da renda básica, da micro e pequena empresa. E o Congresso tem mostrado o desejo de contribuir, e abre mão de metas orçamentárias para dar ao governo a possibilidade de gastar com liberdade para o combate à pandemia. Tem dado uma contribuição enorme. Afirma um caminho democrático que não é a posição que o presidente tem demonstrado”, avaliou.