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Braga Netto nega que governo queira extrapolar gastos com Pró-Brasil

Apesar do anúncio inicial de que o plano de recuperação econômica do país pós-pandemia pode exigir ao menos R$ 30 bilhões dos cofres públicos, ministro da Casa Civil comentou que governo ainda não discutiu origem dos recursos para o programa


O plano do Palácio do Planalto para recuperar a economia nacional depois da pandemia do novo coronavírus, batizado de Pró-Brasil, não deve deixar o país ainda mais endividado, disse o ministro da Casa Civil, Walter Braga Netto. Nesta quinta-feira (23/4), ele comentou que, apesar de a proposta ter sido apresentada com a previsão de investimentos públicos e privados para sua aplicação, o governo federal ainda não bateu o martelo sobre qual será a principal fonte dos recursos do programa.

Ao lançar a proposta, na quarta-feira (22/4), foi levantada a possibilidade da utilização de R$ 30 bilhões em investimentos públicos e de R$ 250 bilhões em contratos de concessões à iniciativa privada. Segundo Braga Netto, no entanto, houve uma “má interpretação e um desvirtuamento” do escopo do Pró-Brasil que foi mostrado pelo Executivo federal.  

“A função da Casa Civil é coordenar a ação dos ministérios para que nós possamos ter aquela sinergia que eu falo, de não ficar cada um puxando para um lado e brigando pelo seu recurso. Tem que ter uma priorização. E como não tem recurso (público) para tudo, tem que priorizar. Vamos alinhar todos os planos. Vamos ver o que o pessoal quer e comparar necessidade com possibilidade. Ninguém falou em estourar planeamento já estipulado pelo Ministério da Economia. Não se falou em recurso. Vamos ver, primeiro, quais são as ideias”, afirmou o ministro, em coletiva no Palácio do Planalto.

Apesar de ainda estar em fase de construção pelo Executivo federal, o Pró-Brasil já deixou o governo do presidente Jair Bolsonaro dividido. Por enquanto, não há um consentimento entre a Casa Civil, idealizadora do Pró-Brasil, e o Ministério da Economia. Enquanto a primeira pasta quer ampliar os investimentos públicos, a segunda entende que o governo brasileiro não tem dinheiro para gastar tanto.

De todo modo, Braga Netto destacou que não há “nenhum desacordo, porque nada foi falado de economia”. Ele também garantiu que “a parte econômica é quem vai dizer da possibilidade ou não” da utilização dos recursos de uma fonte ou de outra. 

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“Tem investimento público. Tem investimento privado. Tem de tudo, dependendo da capacidade do ministério econômico”, frisou. “Ninguém falou em estourar teto de gastos. Não se falou em recursos. Se falou em juntar os planejamentos (dos ministérios) e coordenar esses planejamentos”, acrescentou Braga Netto.

Segundo ele, uma primeira reunião sobre o programa foi realizada nesta tarde no Palácio do Planalto. Também há um encontro para mais discussões do Pró-Brasil marcado para sexta-feira (24/4).

De acordo com o ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Wagner Rosário, o que o governo tem hoje é “um esboço do plano que estará pronto ao término de uma consultoria que vai levantar todos os dados”. Ele alertou, ainda, que “o pessoal já está passando, um pouco, a carroça na frente dos bois”. “Ao término dessa situação (pandemia da Covid-19) nós vamos ter uma necessidade de investimento que poderá vir do público ou do privado, conforme as disponibilidades existentes”, analisou.