Politica

Moro fala em demissão após Bolsonaro anunciar troca na direção da PF

Presidente tenta agora impedir que Moro saia de fato do governo. Ministro vê intenção de trocar diretor da PF como uma desautorização de Bolsonaro a ele

Correio Braziliense
postado em 23/04/2020 14:34
MoroO ministro Sergio Moro, da Justiça, falou ao presidente Jair Bolsonaro, nesta quinta-feira (23/4), que sai do governo se ocorrer a troca de comando da Polícia Federal. Bolsonaro escalou ministros que passaram a atuar para convencer Moro a não sair.

Bolsonaro anunciou ao ministro que o atual diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, deve ser demitido para dar lugar a um nome que tenha maior proximidade com o Planalto. Moro, porém, vê na troca um ato extremo de desautorização, que ocorreria para proteger aliados atualmente na mira da corporação, e disse que, saindo Valeixo, ele também sai.

A intenção de fazer a troca ocorre em meio ao andamento de um inquérito, aberto pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a pedido do Procurador-geral da República, Augusto Aras, que mira deputados bolsonaristas. Eles são suspeitos de atuar para financiar e incentivar manifestações contra o Supremo e o Congresso

Saiba Mais

As manifestações foram convocadas em várias cidades para pedir um "novo AI-5". O próprio presidente participou de um ato em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília

O motivo da irritação de Bolsonaro com Valeixo, porém, teria relação com investigações que podem comprometer sua família. Segundo apuração do Blog do Vicente, do Correio, a equipe que investiga as fake news contra o Supremo Tribunal Federal (STF) encontrou evidências contra o Gabinete do Ódio, comandado pelo vereador Carlos Bolsonaro, o filho 02 do presidente.

Resistência da corporação

As tentativas de trocar o diretor-geral da PF vêm desde o ano passado e encontram resistência não só de Moro, mas também de delegados e agentes. É consenso que, se concretizadas, enfraquecerão o ministro da Justiça. Dentro da corporação, a notícia da troca foi recebida como uma bomba por agentes e delegados. 

A Presidência não havia se manifestado sobre o caso até a última atualização desta matéria. Já a assessoria do Ministério da Justiça disse apenas que a saída de Moro "não está confirmada".

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