Politica

Governo do DF baixa o tom e diz que 'momento é de parceria' com Bolsonaro

Um dos primeiros gestores do País a decretar medidas de isolamento e paralisação de comércio e escolas, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, procurou nesta quarta-feira, 22, colocar panos quentes nas relações com o Palácio do Planalto, disse que "o momento é de União" e afirmou que planeja a reabertura de escolas no DF, incluindo colégios militares, de gestão federal. Governadores de todo o País têm sido alvo de ataques pelo presidente Jair Bolsonaro, que cobra um afrouxamento no distanciamento social para que as pessoas voltem ao trabalho. Em coletiva de imprensa no Palácio do Planalto, Ibaneis disse que teve uma reunião de mais de uma hora com Bolsonaro e que, em dez dias, será apresentado um plano de retorno das aulas em Brasília. Na prática, nada muda, já que o governo do DF já tinha programada a paralisação das aulas até 31 de maio, o que não foi alterado até agora. O alinhamento de Ibaneis com Bolsonaro ocorre após uma série de críticas que o governador fez diretamente ao presidente, por causa das medidas de isolamento social. Três semanas atrás, Ibaneis chegou a colocar um carro de som de frente para o Palácio do Buriti, sede do governo local, com trechos de Bolsonaro defendendo a reabertura do comércio e, na sequência, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta rebatendo as falas de Bolsonaro. Mandetta acabou demitido da pasta após desavenças com o presidente sobre medidas de distanciamento social e a eficácia da cloroquina no tratamento da covid-19. "O momento é de muita parceria. Temos que nos unir nesse momento. Não adianta Brasília se recuperar e São Paulo continuar como está. É momento de união e respeito de todas as instituições", disse Ibaneis, primeiro governador a comparecer presencialmente à coletiva de imprensa do governo sobre a pandemia da covid-19. Ibaneis foi um dos sete de 27 gestores estaduais que não assinaram a carta aberta conjunta contra as declarações e críticas feitas por Bolsonaro referentes ao Congresso Nacional. Antes de mudar o tom de discurso, o governo do DF acionou a Justiça Federal para obter a relação completa dos exames de novo coronavírus realizados no Hospital das Forças Armadas (HFA). Os exames de Bolsonaro e de outras autoridades do governo federal foram realizados no HFA, em parceria com o laboratório privado Sabin. O presidente afirmou que os testes resultaram negativo para o novo coronavírus, mas até hoje não divulgou o exame. A ação do governo do DF acabou arquivada.