"O que eu tomei de providência contra a imprensa, contra a liberdade de expressão? Eu, inclusive, sou contra as prisões administrativas que estão ocorrendo no Brasil. Prenderam uma mulher de biquíni na praia no Recreio (Rio de Janeiro), prenderam na praia de Boa Viagem (Recife) um aposentado da Aeronáutica. Eu sou, realmente, a Constituição", acrescentou.
"Em seguida, Bolsonaro ainda emendou: "E mais. Tenho conduzido o Brasil orientado e fiel aos interesses do povo brasileiro. Nada que eu faço que não esteja de acordo com eles. É isso que acontece comigo. Onde é que eu estou errando? O meu time não trabalha de madrugada, meu time trabalha a luz do dia. Todas a pessoas escolhidas com critério. Alguns, que por ventura desviam dos critérios, a caneta vai funcionar. É para isso que sou presidente,, para decidir. Se tiver que demitir qualquer ministro, demito. Não estou ameaçando, longe de ameaça, não tem ameaça de minha parte. Agora se ele desviar-se daquilo que eu prometo na pré-campanha e na campanha lamentavelmente está no governo errado, vá para outro barco, vá tentar em 2022”, disse referindo-se ao ex-ministro da Saúde, Luis Henrique Mandetta, demitido na semana passada.
Ato pró-intervenção militar
Onda de críticas
Após participar da manifestação pró-intervenção militar, Bolsonaro recebeu uma verdadeira onda de críticas. O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse que é "assustador" ver manifestações pela volta do regime militar, após 30 anos de democracia.
"Só pode desejar intervenção militar quem perdeu a fé no futuro e sonha com um passado que nunca houve. Ditaduras vêm com violência contra os adversários, censura e intolerância. Pessoas de bem e que amam o Brasil não desejam isso", escreveu Barroso.
Outro ministro do STF, Gilmar Mendes também comentou o assunto pelas redes sociais: "A crise do coronavírus só vai ser superada com responsabilidade política, união de todos e solidariedade. Invocar o AI-5 e a volta da Ditadura é rasgar o compromisso com a Constituição e com a ordem democrática".
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, também se manifestou. Por meio de uma rede social, o deputado disse ser uma “crueldade imperdoável” pregar uma ruptura democrática em meio às mortes da pandemia da covid-19.
“O mundo inteiro está unido contra o coronavírus. No Brasil, temos de lutar contra o corona e o vírus do autoritarismo. É mais trabalhoso, mas venceremos”, escreveu Maia. “Em nome da Câmara dos Deputados, repudio todo e qualquer ato que defenda a ditadura, atentando contra a Constituição.
O senador Álvaro Dias (PR), líder do Podemos no Senado, criticou em entrevista as manifestações deste domingo contra o Congresso. "Fica difícil aceitar essa transferência de responsabilidade para o Congresso do fracasso do governo federal", diz.
Saiba Mais
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que vem travando debates com Bolsonaro desde que determinou medidas de isolamento social para combater o coronavírus, assim como a maior parte dos governadores, chamou de "lamentável" a atuação do presidente neste domingo. "Lamentável que o presidente da República apoie um ato antidemocrático, que afronta a democracia e exalta o AI-5. Repudio também os ataques ao Congresso Nacional e ao Supremo Tribunal Federal. O Brasil precisa vencer a pandemia e deve preservar sua democracia."