Novo ministro da Saúde, Nelson Teich é médico oncologista e empresário. Nascido no Rio de Janeiro, formou-se em medicina pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e, mais tarde, especializou-se em oncologia no Instituto Nacional de Câncer (Inca). Atualmente, é sócio da Teich Health Care, consultoria de serviços médicos.
Antes mesmo de ser nomeado ministro, Teich já havia participado, de forma tímida, do atual governo, quando atuou como consultor da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, comandada por Denizar Vianna, entre setembro de 2019 e janeiro deste ano.
Teich também foi fundador do Grupo COI e do Instituto COI, criado em 2008 para desenvolver programas de pesquisa e educação no campo da oncologia. Em 2010 e 2011, foi consultor de Economia da Saúde do Hospital Israelita Albert Einstein.
Em recentes artigos, Teich, defendeu, assim como Luiz Henrique Mandetta, o isolamento horizontal. Para ele, “toda a população que não execute atividades essenciais precisa seguir medidas de distanciamento social”. Essa seria a melhor estratégia no momento, de acordo com o texto publicado por ele em 3 de abril.
Para justificar a opinião, Teich citou a falta de informações completas do comportamento do vírus e a possibilidade de o Sistema Único de Saúde não ser capaz de absorver a alta demanda de pacientes. “O isolamento horizontal é uma estratégia que permite ganhar tempo para entender melhor a doença e para implantar medidas que permitam a retomada econômica do país”, escreveu.
Nos artigos, o novo ministro também defende a necessidade de testes em massa para definir melhor as estratégias diante da Covid-19. No entanto, Mandetta e a equipe afirmavam repetidamente a falta de testes que o Brasil e outros países enfrentavam. Teich criticou também a abordagem dividida e antagônica entre a saúde e a economia. Para ele, a polarização criada é um “erro grave na avaliação do problema trazido pela Covid-19”. “Uma situação de competição pode gerar grande ineficiência na capacidade de interpretar a evolução da situação e na capacidade de ajustar o sistema de saúde e o dia a dia das pessoas adequadamente”, pontuou.
Em um dos textos, ele mencionou outro ponto importante: a relação entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Para ele, é preciso ter alinhamento entre os três. O governo Bolsonaro, no entanto, não demonstra tal harmonia e já protagonizou desavenças com o Congresso Nacional e com o Supremo Tribunal Federal.
Polêmica
Teich já teve o nome envolvido em polêmicas após falar sobre o Sistema Único de Saúde (SUS) em um vídeo gravado após a participação dele no 9º Fórum Nacional Oncoguia, em Brasília, em abril de 2019. Ele abordou as dificuldades do SUS com a gestão de recursos escassos. “Como você tem dinheiro limitado, você vai ter que fazer escolhas. Vai ter que definir onde você vai investir. Eu tenho uma pessoa mais idosa que tem uma doença crônica avançada e ela teve uma complicação. Para ela melhorar, eu vou gastar praticamente o mesmo dinheiro que eu vou gastar em um adolescente que está com problema. O mesmo dinheiro que eu vou investir. É igual. Só que essa pessoa é um adolescente, que vai ter a vida inteira pela frente e outra é uma pessoa idosa, que pode estar no fim da vida. Qual vai ser a escolha?”, questionou, na publicação.
“O isolamento horizontal é uma estratégia que permite ganhar tempo para entender melhor a doença e para implantar medidas que permitam a retomada econômica do país”
Trecho de artigo de Teich antes de se tornar ministro