Correio Braziliense
postado em 15/04/2020 12:50
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) compartilhou nas redes sociais na manhã desta quarta-feira (15) um vídeo intitulado “Os Sócios da Paralisia” que critica o isolamento social ao questionar a comprovação do efeito da medida no combate ao coronavírus. A publicação ainda conta com críticas ao ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta e ao governador de São Paulo, João Doria (PSDB)."Você está em casa assistindo o governador de São Paulo assumir a paternidade da cloroquina, o ministro da saúde explicar que traficante também é gente, jornais estrangeiros publicarem fotos de covas abertas para dizer que o Brasil não tem mais onde enterrar seus mortos, entre outras referências intrigantes e estridentes ao mesmo assunto. Se você está paralisado, catatônico é porque você já sabe que isso é um show mórbido, mas você está esperando que alguém te diga isso. Então vamos lá: Isto é um show mórbido. Levanta daí. Onde estão os mapas demonstrando os resultados diretos do isolamento total na contenção da epidemia ou na suavização dos picos? Eles não existem", diz parte do vídeo narrado pelo jornalista Guilherme Fiuza.
O vídeo fez referência a uma coletiva em que Mandetta defendeu que para combater o COVID-19 nas favelas seria preciso "dialogar" com milicianos que controlam certas regiões no Brasil. "Você tem que entender a cultura, a dinâmica. Ali a gente tem que entender que são áreas que muitas vezes o estado está ausente, que quem manda é o tráfico, quem manda é a milícia. Como é que a gente constrói essa ponte em nome da vida e da saúde? Dialoga sim, com o tráfico, com a milícia, porque eles também são seres humanos e eles também precisam colaborar, ajudar, participar", disse Mandetta na época.
A publicação ocorre em meio a um suspense sobre a demissão do ministro da Saúde, o que pode ocorrer a qualquer momento. O secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Wanderson de Oliveira, por exemplo, já pediu demissão na manhã desta quarta-feira (15/4) em meio à crise gerada pela pandemia do novo coronavírus. Ele era um dos principais auxiliares do ministro Luiz Henrique Mandetta, e estava sempre presente nas entrevistas coletivas que falavam sobre a evolução do vírus no Brasil e no mundo.
Bolsonaro e Mandetta divergem no conceito de como combater a pandemia. De um lado, o presidente defende a reabertura dos comércios e, ao contrário das orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde sobre evitar aglomerações, segue realizando visitas a feiras, padarias e farmácias. Do outro, Mandetta que defende o isolamento social, tem reclamado da dubiedade instalada pelo governo. Isso ficou claro na noite do último domingo (12/4), quando Mandetta disse em entrevista ao programa Fantástico, da Rede Globo que o "brasileiro não sabe se escuta o presidente ou o ministro".
Saiba Mais
E emendou:
"A população se pergunta se o ministro está contra o presidente. E não tem contra. O nosso problema é o coronavírus. Se eu estou ministro da Saúde, eu estou por obra de nomeação do presidente", disse. "O presidente olha muito pelo lado da economia, o ministério pelo lado de proteção à vida. Que nós possamos ter uma fala unificada", completou.
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