O presidente Jair Bolsonaro se aproximou sem máscara de populares aglomerados em frente à obra do primeiro hospital de campanha da União, em Águas Lindas (GO), Entorno do Distrito Federal (DF), na tarde deste sábado (11/4). Bolsonaro cumprimentou populares e uma mulher chegou a beijar sua mão. Ele também pegou uma caneta para assinar uma camiseta, apertou a mão de pelo menos um policial e abraçou o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM).
A unidade hospitalar está sendo construída justamente para receber pacientes com a Covid-19, doença causada pelo coronavírus, que é transmitido por gotículas respiratórias (fala, tosse ou espirro, por exemplo). As ações do presidente não seguem orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do próprio Ministério da Saúde, que frisam a importância de isolamento e distanciamento social.
Ao ser questionado sobre as aglomerações em volta do hospital de pessoas que aguardavam o presidente, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que o que pode fazer é recomendar. "Eu posso recomendar. Não posso viver a vida das pessoas. As pessoas que fazem atitude dessa hoje daqui a pouco vão ser as mesmas que vão estar lamentando", disse. Questionado se a orientação servia também para o presidente, disse que"serve para todos os brasileiros".
O governador de Goiás evitou críticas a Bolsonaro, mas defendeu o distanciamento social. "Ele que deve explicar essa situação. A minha posição vocês acompanharam", disse Caiado ao ser questionado sobre postura do presidente, que se aproximou, mais uma vez, de populares que estavam no local. No último dia 25, depois de Bolsonaro chamar o covonavírus de "gripezinha" e incentivar o fim do isolamento, Caiado sinalizou para um rompimento com o presidente. Na ocasião, ele disse as "declarações do presidente não atravessam as fronteiras de Goiás".
Na última sexta-feira (10/4), Bolsonaro também gerou aglomerações em Brasília, quando entrou em uma farmácia e lanchou em uma padaria. Imagens da TV Globo mostraram que o presidente limpou o nariz com o braço e a mão, e em seguida apertou a mão de algumas pessoas, inclusive de uma idosa.
Neste sábado (11/4), Bolsonaro não quis conceder entrevista à imprensa, que não teve entrada autorizada no evento. Somente jornalistas de órgãos oficiais puderam entrar. O presidente chegou ao local por volta das 11h20, e entrou no espaço do hospital de máscara. Ao cumprimentar os populares, entretanto, ele tirou.
Hospital
O hospital de campanha de Águas Lindas é o primeiro da União neste combate ao novo coronavírus. Ele terá 200 leitos, sendo 40 de suporte avançado, em uma área construída de 4.950 mil metros quadrados (m²). A construção começou na última terça-feira (7/4), e a previsão é de 15 dias para concluir a obra e mais 15 dias para equipar a unidade. O ministro Luiz Henrique Mandetta anunciou neste sábado que o próximo será em Manaus (AM).