Politica

Médica estuda convite



Após almoço com o presidente Jair Bolsonaro, a médica imunologista Nise Yamaguchi confirmou, por meio da assessoria, que foi convidada para integrar o gabinete de crise do Planalto criado para monitorar o avanço do novo coronavírus no Brasil. Ela disse que ainda avalia se vai aceitar a função.

Nise defende o chamado isolamento vertical, focado apenas no grupo de risco (idosos e doentes crônicos), e tem pesquisas relacionadas ao uso da cloroquina no combate ao novo coronavírus. As duas pautas são tidas como prioritárias pelo presidente Jair Bolsonaro, além de serem motivo de desgaste entre ele e o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.

Nise tem o apoio da ala ideológica do governo, comandada pelo vereador Carlos Bolsonaro, para substituir Mandetta. Ela negou ter sido sondada para o cargo durante encontro ontem.

A reunião entre Nise e Bolsonaro ocorreu na presença de ministros palacianos e do ex-ministro Osmar Terra, que apoia o discurso contrário ao distanciamento social. Esse foi o segundo encontro que o presidente promove para discutir questões de saúde sem a presença de Mandetta. Na semana passada, ele reuniu um grupo de médicos para discutir a utilização da cloroquina sem informar ao ministro da Saúde.

Legislativos

O avanço do coronavírus no país deflagrou um movimento pela redução salarial de autoridades públicas como prefeitos, secretários, vereadores e deputados. Em São Paulo, ainda que haja resistência, a ideia se converteu em projetos no Legislativo estadual e em câmaras municipais.

Na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), o partido Novo apresentou quatro propostas de redução salarial escalonada não só para deputados e comissionados, mas também para servidores concursados. Para o líder do Novo na Casa, Daniel José, a redução de salário tem efeito mais moral do que fiscal. “O setor público nunca dividiu a conta de uma crise com o setor privado”, disse.

A deputada Janaina Paschoal (PSL) apresentou um projeto que prevê a transferência de recursos de verba de gabinete e de parte do salário dos deputados ao Tesouro estadual para o combate à Covid-19. Ela defende que o salário dos deputados seja reduzido em 59% durante período de calamidade e que sejam suspensas as gratificações especiais da Casa. “O exemplo poderá, em alguma medida, incentivar o Poder Judiciário a também desvincular seu elevado fundo para o combate aos efeitos da pandemia”, justificou.

Presidente da Alesp, Cauê Macris (PSDB) já declarou que a Casa não utilizaria os recursos economizados de bancadas que, a exemplo do que faz a do Novo, abram mão dos recursos das verbas de gabinete. Dessa forma, os recursos podem ser utilizados para um fundo de combate ao vírus.

A proposta de redução salarial tem apoio da oposição. “Na hora do aperto, os deputados têm que colaborar”, disse o deputado Emídio Souza (PT). Há resistência, no entanto, de deputados que dizem ter o salário contado para o sustento da família, segundo a líder do PSDB na Alesp, Carla Morando. “Eu, que doei meu salário, defendo que o poder público tem que aceitar uma redução para combater o coronavírus.”