Politica

Bolsonaro volta a citar OMS e diz que preocupação "sempre foi salvar vidas"

Presidente realizou um novo pronunciamento na noite desta terça-fera (31/3), em rede nacional

Correio Braziliense
postado em 31/03/2020 20:47
Presidente realizou um novo pronunciamento na noite desta terça-fera (31/3), em rede nacionalO presidente Jair Bolsonaro realizou mais um pronunciamento em cadeia nacional, na noite desta terça-feira (31/3), sobre a crise causada pelo novo coronavírus. Durante o discurso, ele voltou, como havia feito mais cedo, a citar o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Ghebreyesus, para defender suas ações diante da Covid-19 até o momento.

Diferentemente do proncunciamento feito no último dia 24, em que criticou as ações de isolamento para toda a população e defendeu o retorno das aulas, Bolsonaro disse que é preciso tomar medidas preventivas para limitar as infecções e, ao mesmo tempo, defender empregos.  

"Minha preocupação sempre foi salvar vidas. Tanto as que perderemos pela pandemia quanto aquelas que serão atingidas pelo desemprego, violência e fome", disse. "As medidas protetivas devem ser implementadas de forma racional, responsável e coordenada", complementou (assista ao pronunciamento abaixo).

Bolsonaro, então passou a citar uma fala de Ghebreyesus realizada na segunda-feira. "O diretor da OMS disse que muitas pessoas têm que trabalhar todo dia para ganhar o pão de todo dia e que também os governos tem que levar a população em conta", lembrou.

"Não me valho dessas palavras para negar a importância das medidas de prevenção e controle da pandemia, mas para mostrar que, da mesma forma, precisamos pensar nas mais vulneráveis. Essa tem sido a minha preocupação desde o princípio. O que será do camelô, do ambulante, do vendedor de churrasquinho, da diarista, do ajudante de pedreiro, do caminhoneiro e dos outros autônomos, com quem venho mantendo contato durante toda a minha vida pública?", complementou.

O presidente, então, ressaltou que determinou que não fossem poupados esforços e que, por meio do Sistema ùnico de Saúde (SUS), todos os estados sejam apoiados. "Adquirimos novos leitos, todos com respiradores, kits e demais insumos necessários. Também determinei ao ministro da Economia que tomasse todas as medidas para proteger os empregos dos brasileiros", disse, citando ações como abertura de linhas de crédito, auxílios de R$ 600, entrada de mais de 1 milhão de pessoas no Programa Bolsa Família e adiantando de dívidas aos estados e municípios", disse.

Além disso, ele lembrou que, ainda nesta terça-feira, foi determinado o adiamento por 60 dias no reajuste de medicamentos. "Tenho uma missão: salvar vidas, sem deixar prá lá o desemprego. Temos que combater esse desemprego que cresce rapidamente. Vamos cumprir essa missão ao mesmo tempo que cuidamos das pessoas", concluiu. Enquanto o presidente falava, panelaços foram registrados em várias cidades do país.

O que disse o diretor da OMS

Na entrevista que concedeu na segunda-feira, o diretor-geral da OMS ressaltou que o isolamento social é uma medida importante para dar tempo aos sistemas de saúde se organizarem, mas que os trabalhadores mais pobres, sem renda garantida, não podem ser ignorados, merecendo ajuda. 

"No assunto lockdown, talvez alguns países já tenham tomado medidas para o distanciamento físico, fechando escolas e prevenindo-se de aglomerações e assim por diante. Isso pode comprar tempo, mas cada país é diferente. Alguns países têm um sistema de auxílio social forte. E alguns países não têm. Eu sou da África, como vocês sabem. Sou da África e sei que muita gente precisa trabalhar cada dia para ganhar o pão. E governos devem levar essa população em conta. Se estamos limitando os movimentos, o que vai acontecer com essas pessoas que precisam trabalhar diariamente? Então, cada país, baseado em sua situação, deveria responder a essa questão. Não estamos olhando como 'um impacto econômico num país', ou 'a perda média do PIB, ou às 'repercussões econômicas'. Precisamos também ver o que isso significa para o indivíduo na rua. Venho de uma família pobre e sei o que significa sempre se preocupar com o pão de cada dia. E isso precisa ser levado em conta. Porque cada indivíduo importa. E temos que levar em conta como cada indivíduo é afetado por nossas ações. É isso que estamos dizendo", disse.

 

Ghebreyesus também voltou a defender que os governos garantam condições aos trabalhadores mais prejudicados pela crise, que precisam de comida, saneamento e outros serviços essenciais. 

 

Saiba Mais

"Entendemos que muitos países estão implementando medidas que restringem a movimentação das pessoas. Ao implementar essas medidas, é vital respeitar a dignidade e o bem-estar de todos. É também importante que os governos mantenham a população informada sobre a duração prevista dessas medidas e que dê suporte aos mais velhos, aos refugiados e a outros grupos vulneráveis. Os governos precisam garantir o bem-estar das pessoas que perderam a fonte de renda e que estão necessitando desesperadamente de alimentos, saneamento e outros serviços essenciais. Os países devem trabalhar de mãos dadas com as comunidades para construir confiança e apoiar a resistência e a saúde mental", disse. 

 

Em outro trecho, ele ressaltou: "É vital respeitar a dignidade do próximo. É vital que os governos se mantenham informados e apoiem o isolamento", concluiu.

 

OMS reforça posicionamento

Na tarde desta terça-feira (31/3), Ghebreyesus foi às redes sociais para esclarecer seu posicionamento em duas mensagens por meio do Twitter. 

 

"Pessoas sem fonte de renda regular ou sem qualquer reserva financeira merecem políticas sociais que garantam a dignidade e permitam que elas cumpram as medidas de saúde pública para a Covid-19 recomendadas pelas autoridades nacionais de saúde e pela OMS", escreveu o diretor-geral da OMS.

 

"Eu cresci pobre e entendo essa realidade. Convoco os países a desenvolverem políticas que forneçam proteção econômica às pessoas que não possam receber ou trabalhar devido à pandemia da Covid-19. Solidariedade", concluiu.




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