Diferentemente do proncunciamento feito no último dia 24, em que criticou as ações de isolamento para toda a população e defendeu o retorno das aulas, Bolsonaro disse que é preciso tomar medidas preventivas para limitar as infecções e, ao mesmo tempo, defender empregos.
"Não me valho dessas palavras para negar a importância das medidas de prevenção e controle da pandemia, mas para mostrar que, da mesma forma, precisamos pensar nas mais vulneráveis. Essa tem sido a minha preocupação desde o princípio. O que será do camelô, do ambulante, do vendedor de churrasquinho, da diarista, do ajudante de pedreiro, do caminhoneiro e dos outros autônomos, com quem venho mantendo contato durante toda a minha vida pública?", complementou.
Além disso, ele lembrou que, ainda nesta terça-feira, foi determinado o adiamento por 60 dias no reajuste de medicamentos. "Tenho uma missão: salvar vidas, sem deixar prá lá o desemprego. Temos que combater esse desemprego que cresce rapidamente. Vamos cumprir essa missão ao mesmo tempo que cuidamos das pessoas", concluiu. Enquanto o presidente falava, panelaços foram registrados em várias cidades do país.
O que disse o diretor da OMS
Na entrevista que concedeu na segunda-feira, o diretor-geral da OMS ressaltou que o isolamento social é uma medida importante para dar tempo aos sistemas de saúde se organizarem, mas que os trabalhadores mais pobres, sem renda garantida, não podem ser ignorados, merecendo ajuda.
"No assunto lockdown, talvez alguns países já tenham tomado medidas para o distanciamento físico, fechando escolas e prevenindo-se de aglomerações e assim por diante. Isso pode comprar tempo, mas cada país é diferente. Alguns países têm um sistema de auxílio social forte. E alguns países não têm. Eu sou da África, como vocês sabem. Sou da África e sei que muita gente precisa trabalhar cada dia para ganhar o pão. E governos devem levar essa população em conta. Se estamos limitando os movimentos, o que vai acontecer com essas pessoas que precisam trabalhar diariamente? Então, cada país, baseado em sua situação, deveria responder a essa questão. Não estamos olhando como 'um impacto econômico num país', ou 'a perda média do PIB, ou às 'repercussões econômicas'. Precisamos também ver o que isso significa para o indivíduo na rua. Venho de uma família pobre e sei o que significa sempre se preocupar com o pão de cada dia. E isso precisa ser levado em conta. Porque cada indivíduo importa. E temos que levar em conta como cada indivíduo é afetado por nossas ações. É isso que estamos dizendo", disse.
Ghebreyesus também voltou a defender que os governos garantam condições aos trabalhadores mais prejudicados pela crise, que precisam de comida, saneamento e outros serviços essenciais.
Saiba Mais
Em outro trecho, ele ressaltou: "É vital respeitar a dignidade do próximo. É vital que os governos se mantenham informados e apoiem o isolamento", concluiu.
OMS reforça posicionamento
Na tarde desta terça-feira (31/3), Ghebreyesus foi às redes sociais para esclarecer seu posicionamento em duas mensagens por meio do Twitter.
"Pessoas sem fonte de renda regular ou sem qualquer reserva financeira merecem políticas sociais que garantam a dignidade e permitam que elas cumpram as medidas de saúde pública para a Covid-19 recomendadas pelas autoridades nacionais de saúde e pela OMS", escreveu o diretor-geral da OMS.
"Eu cresci pobre e entendo essa realidade. Convoco os países a desenvolverem políticas que forneçam proteção econômica às pessoas que não possam receber ou trabalhar devido à pandemia da Covid-19. Solidariedade", concluiu.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.