Logo após a discussão pelo Senado Federal, ao aprovar o Projeto de Lei nº 1.066/2020 -- que estabelece um auxílio emergencial de R$ 600 para as pessoas de baixa renda por conta da pandemia de coronavírus --, vários defensores da renda básica promoveram uma teleconferência para avaliar a proposta e explicar sua implementação depois da sanção presidencial.
Leandro Ferreira, da Rede Brasileira de Renda Básica, comemorou que todas as bancadas aprovaram o PL. “ O que esperamos é que paguem logo. Nosso engajamento precisa continuar, para que a renda básica seja, de fato, implementada. Temos que levar em conta não reunir pessoas. Existe competência no Estado brasileiro para fazer isso acontecer. Os bancos públicos vão ser fundamentais para isso”, afirmou. “Temos que cobrar que o governo federal efetive a proposta, que, é preciso lembrar, começou muito tímida, de apenas R$ 200”, ressaltou.
Além de Ferreira, participaram da conferência Douglas Belchior, representante da Coalizão Negra por Direitos; Alessandra Orofino, a diretora do Nossas; Caio Magri, diretor-presidente do Instituto Ethos; José Moroni, do Instituto de Estudos Socioeconômico (Inesc); além dos senadores Alessandro Vieira (Cidadania-SE), Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e a deputada federal Tabata Amaral (PDT-SP).
Saiba Mais
O senador Alessandro Vieira explicou que quem já está no Cadastro Único poderá ter acesso ao pagamento do benefício e quem não está poderá se autodeclarar elegível por plataforma digital. “Tem muito trabalho a ser feito agora, para garantir a logística a fim de o dinheiro chegar na ponta”, disse. “Nosso papel é cobrar para que isso não demore”, ressaltou. “A disputa de protagonismo político, de vaidade, e de processo eleitoral está completamente fora. Agora é hora de trabalhar”, acrescentou, ao ser questionado se o governo federal poderá capitalizar a aprovação da renda mínima como iniciativa sua.
José Moroni, do Inesc, disse que o momento é de comemoração pela aprovação de uma renda básica de emergência, mas também de questionar a estrutura da sociedade brasileira, que não resolve as questões mais elementares, como a fome. “Só em um momento de crise nos debruçamos para avaliar os milhões de brasileiros que não têm acesso à comida. Espero que, passada a crise, a agenda da desigualdade se mantenha. Não podemos achar que a questão está resolvida com essa renda emergencial”, alertou.