Politica

Presidente fala em caos, e Maia dá alfinetada

Apesar da repercussão negativo do pronunciamento feito na terça-feira à noite, o presidente Jair Bolsonaro voltou a dizer, ontem, que o Brasil não pode parar e defendeu a reabertura do comércio. “Trinta e oito milhões de autônomos já foram atingidos. Se as empresas não produzirem, não pagarão salários. Se a economia colapsar, os servidores também não receberão”, escreveu no Twitter. “Devemos abrir o comércio e tudo fazer para preservar a saúde dos idosos e portadores de comorbidades.”

A postagem acompanha um vídeo que fala sobre as próximas medidas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e que o norte-americano promete reabrir o país. Em uma outra publicação, Bolsonaro compartilhou também um vídeo de um homem no Japão, na qual ele mostra que não há confinamento e que as lojas funcionam mesmo diante da pandemia da Covid-19. O presidente aproveitou e escreveu a seguinte legenda: “O vírus no Japão. Se a política de isolamento continuar, teremos o caos e o vírus juntos”.

Antes de deixar o Alvorada, também ontem de manhã, o chefe do Executivo disse que se a economia colapsar não haverá verba para pagar o servidor público. “O caos está aí, na nossa cara. O caos está aí. Detalhe: se tivermos problemas, que poderemos ter, os mais variados no Brasil, como saques a supermercados, entre outras coisas, o vírus continuará entre nós também”, ressaltou. “O que precisa ser feito? Botar esse povo para trabalhar. Preservar os idosos, preservar aqueles que têm problema de saúde. Mais nada além disso, caso contrário.”

Bolsonaro citou Trump e disse que estão alinhados. “Ontem (terça), ouvi um relato das palavras do presidente dos Estados Unidos, está numa linha semelhante à minha. (…) Pelo que tudo indica, ele vai abrir a partir de hoje os postos de trabalho”, destacou. “Se nós colocarmos no nosso colo o problema do vírus, que este vírus, inclusive, eu queria que não matasse ninguém, mas outros vírus mataram muito mais do que este. Não teve essa comoção toda. Se ele não fizer isso lá e nós não fizermos aqui, será o caos. Será o fim dos Estados Unidos e do Brasil.” Na verdade, o plano do líder americano é fazer a reabertura na Páscoa, dia 12 de abril.

Pressão
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), creditou a postura de Bolsonaro, de pregar o fim do isolamento, ao interesse de investidores da Bolsa de Valores. “Nas últimas semanas, tivemos uma pressão muito grande de investidores que colocaram recursos na Bolsa de Valores esperando prosperidade. A Bolsa caiu, como caiu no mundo todo, pois é uma crise mundial. Não é só do Brasil. E um jornal do campo econômico começou a falar sobre a necessidade de não ter isolamento”, destacou. “Mas a gente não pode ouvir os investidores que estão perdendo dinheiro por risco. Risco, é assim, você ganha e você perde. A gente não pode colocar a vida de brasileiros em risco por uma pressão de parte de brasileiros que investiram e estão perdendo dinheiro.”