Politica

Caiado: 'Declarações do presidente não atravessam as fronteiras de Goiás'

Até então aliado de Bolsonaro, governador de Goiás, Ronaldo Caiado, criticou postura de Jair Bolsonaro e frisou que no Estado o que vale são as medidas restritivas adotadas pelo governo estadual

O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), que até então era aliado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), disse nesta quarta-feira (25) que a posição do presidente da República não chega a Goiás, e que no Estado as regras a serem seguidas são as estabelecidas pelo governo estadual. "As declarações do presidente não atravessam as fronteiras de Goiás e não atingem os goianos", disse. 

 

As falas de Caiado são uma resposta ao pronunciamento do presidente, feito em rede nacional na noite da última quarta-feira (24), no qual ele voltou a chamar a pandemia do novo coronavírus de "gripezinha", criticou governadores que tomaram medidas restritivas e culpou a mídia pelo que chamou de "histeria". O governador de Goiás frisou em vários momentos que o decreto assinado por ele no último dia 20 de março, que estendeu medidas, como fechamento de comércios, até o dia 4 de abril, continua valendo e serão cumpridas pelos goianos.

 

"Quero deixar claro que as decisões do presidente da República, no que diz respeito à área de saúde, coronavírus, não alcança o Estado de Goiás. As decisões de Goiás serão tomadas por mim e por decisões lavradas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo corpo técnico do Ministério da Saúde", afirmou. 

 

O democrata criticou ainda expressamente o fato de Bolsonaro ter chamado a doença Covid-19, causada pelo coronavírus, de “gripezinha”. “Dizer que isso é um resfriadinho, uma gripezinha. Ninguém definiu melhor do que o (Barack) Obama. ‘Na política e na vida, a ignorância não é uma virtude’”, disse.

 

As declarações de Caiado mostram um rompimento de uma aliança com o presidente Jair Bolsonaro. Em seu discurso, o governador ressaltou que foi "aliado de primeira hora" do presidente e disse que não pode "concordar concordar com um presidente que vem a público sem ter consideração com os seus aliados".

 

"Fui aliado durante todo o tempo, mas não posso admitir que vem agora um presidente da República lavar as mãos e responsabilizar outras pessoas por um colapso econômico, uma falência de empregos que venha a acontecer. Não faz parte da postura de um governante. Um estadista tem que ter a coragem de assumir as dificuldades", disse. 

 

O governador falou ainda que se existe falhas na economia, Bolsonaro não deve tentar responsabilizar outras pessoas. "Assuma a sua parcela", afirmou. Caiado ressaltou que buscar a tese de que haverá um colapso econômico de grandes proporções é colocar na balança a vida das pessoas e a sobrevivência da economia. "Nós podemos fazer as duas coisas. Cabe ao líder ter as condições de liderar o seu povo, criar condições de minorar as dificuldades", pontuou. 

 

Questionado se buscaria um diálogo com o presidente, o governador lembrou que se reuniu com Bolsonaro na última terça-feira (24) e com outros três governadores do Centro-Oeste, e que na ocasião nada do que foi dito pelo presidente em pronunciamento foi comentado. "Nada disso foi tratado. Como governador aliado, receber uma matéria que diz respeito também a mim por um comunicado oficial... Falarei com ele também por comunicados oficiais", afirmou.