Politica

Ministro cobra desculpas de embaixador chinês por críticas a Eduardo

Ernesto Araújo diz que governo brasileiro recebeu com "insatisfação" as reclamações do embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, ao deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que acusou a China de ter criado o coronavírus propositalmente

As críticas do embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, ao deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que culpou a China pela pandemia mundial do novo coronavírus, foram repudiadas pelo ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. Em comunicado oficial divulgado nesta quinta-feira (19/3), o chanceler disse que o governo brasileiro ficou insatisfeito com o comportamento de Wanming e espera uma "retratação por sua repostagem ofensiva ao Chefe de Estado".

"É inaceitável que o Embaixador da China endosse ou compartilhe postagem ofensiva ao Chefe de Estado do Brasil e aos seus eleitores, como infelizmente ocorreu ontem à noite", informou o ministro das Relações Exteriores.

Apesar do pronunciamento de Araújo, Wanming não teceu comentários ao presidente Jair Bolsonaro. Em sua conta oficial do Twitter, na quarta-feira (18/3), o embaixador da China no Brasil direcionou as suas palavras apenas para Eduardo, que é filho do chefe do Palácio do Planalto (leia mais abaixo).

No informe, Araújo destacou que "as críticas do deputado Eduardo Bolsonaro à China não refletem a posição do governo brasileiro". Ele também disse que conversaria tanto com o parlamentar quanto com Wanming "procurando promover um reentendimento recíproco". De qualquer forma, o ministro deixou claro o incômodo pelas falas do embaixador da China no Brasil.

"Cabe lembrar, entretanto, que em nenhum momento ele (Eduardo Bolsonaro) ofendeu o chefe de Estado chinês. A reação do Embaixador foi, assim, desproporcional e feriu a boa prática diplomática", frisou o chanceler brasileiro.

Araújo acrescentou que "o Brasil quer manter as melhores relações com o governo e o povo chinês, promover negócios e cooperação em benefício recíproco, sem jamais deixar de lado o respeito mútuo".

Culpa da "ditadura chinesa"


Tudo começou na noite de quarta-feira, após Eduardo responder a uma postagem do youtuber Rodrigo da Silva, que disse: "A culpa pela pandemia de coronavírus no mundo tem nome e sobrenome. É do Partido Comunista Chinês".

Ao republicar o tweet, o parlamentar escreveu: "Quem assistiu Chernobyl vai entender o que ocorreu. Substitua a usina nuclear pelo coronavírus e a ditadura soviética pela chinesa. Mais uma vez uma ditadura preferiu esconder algo grave a expor tendo desgaste, mas que salvaria inúmeras vidas. A culpa é da China e liberdade seria a solução".

Inconformado, Wanming reagiu prontamente. "As suas palavras são um insulto maléfico contra a China e o povo chinês. Tal atitude flagrante anti-China não condiz com o seu estatuto como deputado federal, nem a sua qualidade como uma figura pública especial", respondeu o embaixador chinês.

Wanming ainda prometeu manifestar a indignação da Embaixada da China no Brasil à Câmara dos Deputados e ao Palácio do Itamaraty. "A parte chinesa repudia veementemente as suas palavras, e exige que as retire imediatamente e peça uma desculpa ao povo chinês. Além disso, (as suas palavras) vão ferir a relação amistosa China-Brasil. Precisa assumir todas as suas consequências", afirmou Wanming.

O perfil oficial da Embaixada da China no Brasil também se manifestou. "As suas palavras são extremamente irresponsáveis e nos soam familiares. Não deixam de ser uma imitação dos seus queridos amigos. Ao voltar de Miami, contraiu, infelizmente, vírus mental, que está infectando a amizades entre os nossos povos", respondeu a representação da nação asiática, à publicação de Eduardo.