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Brasil tem a primeira morte por Covid-19

A vítima é um homem, de 62 anos, que morava em São Paulo e tinha diabetes e hipertensão. Hospital no Rio de Janeiro comunica óbito de idoso, 69, que havia testado positivo para a doença, mas Secretaria de Saúde do estado ainda não confirma a causa



Menos de um mês após a confirmação do primeiro caso de coronavírus no Brasil, o Ministério da Saúde registrou, ontem, a primeira morte pela doença no país. A vítima é um homem de 62 anos, diabético, hipertenso, que morava no estado de São Paulo e estava internado em um hospital privado. O paciente não havia viajado para o exterior, e o caso é tratado como transmissão comunitária, quando não há como detectar a origem da infecção. Também ontem, em Niterói, no Rio de Janeiro, morreu um homem, 69, que testou positivo para Covid-19, mas a Secretaria de Saúde do estado ainda não havia contabilizado o óbito até o fechamento desta edição.

Apesar das mortes, autoridades dizem que não há motivo para pânico e que as medidas tomadas são “adequadas e suficientes”. “Isso não muda nada na forma de entender a pandemia e não deve chegar à população como algo inesperado. Esse óbito se enquadra na definição de grupo de risco. Um homem com mais de 60 anos com hipertensão e diabetes”, avaliou o coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus de São Paulo, David Uip, antes da notícia da segunda morte.

O secretário de Saúde do estado de São Paulo, José Henrique Germann, afirmou que diante de um óbito de um caso por transmissão comunitária é necessário reforçar as medidas de prevenção. “Nós já até esperávamos que ocorressem óbitos. Nós estamos vivendo uma epidemia, e os óbitos acontecem. As restrições que foram feitas foram progressivas. Começaram com as aulas e as aglomerações de um determinado número de pessoas”, frisou. “Gradativamente, conforme a necessidade da questão epidemiológica, é que nós vamos aumentar ou diminuir as restrições de circulação, procurando evitar a transmissão do vírus. Estamos trabalhando nesse cenário e não com a questão dos óbitos.”

Outro ponto que chama a atenção das autoridades é o tempo de evolução da doença no primeiro óbito registrado. O homem apresentou os sintomas da doença na terça-feira da semana passada, dia 10, foi internado em uma unidade de terapia intensiva (UTI) no dia 14, e morreu na segunda-feira. “Esse caso mostra uma evolução rápida. Nós estamos vendo que o período de incubação é mais curto. A média é de três a oito dias”, enfatizou.

Outros quatro óbitos são investigados pelo Secretaria de Saúde de São Paulo. O Ministério da Saúde não informa quantos mortes estão sendo analisadas. “Nessa mesma rede privada, existem outros quatro óbitos que ainda estão sendo investigados quanto ao agente causal. Neste momento, ocorreram cinco óbitos nessa rede hospitalar. Um já foi confirmado pelo novo coronavírus e os outros aguardam a confirmação”, declarou David Uip.

Rio de Janeiro
O homem que morreu em Niterói estava internado no Hospital Icaraí. De acordo com a unidade, o idoso tinha “história epidemiológica para a Covid-19 (o enteado, que não foi atendido pelo Hospital Icaraí, veio de Nova York, com teste positivo)”, com quadro iniciado em 11 de março de 2020. “O paciente, além da idade, possuía comorbidades que o colocaram no grupo de risco”, segundo o jornal O Globo.

Ainda de acordo com o hospital, o idoso teve “insuficiência respiratória aguda”. Ele precisou da ajuda de aparelhos. “O Hospital Icaraí segue todos os protocolos recomendados pelo Ministério da Saúde e Vigilância Sanitária”, ressaltou a unidade.

Outra morte ocorrida no Rio está sendo investigada. A Prefeitura de Miguel Pereira divulgou que uma mulher, de 63 anos, foi a óbito com sintomas compatíveis com o do novo coronavírus. De acordo com a prefeitura, a paciente teve contato direto com a chefe que chegou da Itália e testou positivo para a Covid-19. No entanto, a Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro afirmou, por meio de nota, que “não há confirmação sobre óbito por coronavírus no Estado do Rio”.

“A Secretaria de Estado de Saúde esclarece que o material da paciente chegou, na tarde desta terça-feira (17), ao Laboratório Central Noel Nutels (Lacen-RJ), única unidade estadual capaz de realizar o teste para confirmar ou descartar o vírus. O resultado dos exames deve sair em até 48 horas”, disse a nota. A vítima não fazia parte da lista de casos confirmados até o momento.

Casos
O Ministério da Saúde informou que o número de casos confirmados chegou a 291. A maioria, 167, é importada, ou seja, são de pessoas que viajaram para o exterior. Outros 92, de transmissão local, 25, de comunitária, e a causa de outros sete confirmados ainda é investigada.

Para o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, os números ainda vão crescer durante os próximos três meses. “Teremos em torno de 20 semanas, a partir do surto epidêmico, que serão duras para as famílias. Cuidem dos idosos. O momento agora é de proteção. Quantos menos idosos tivermos com essa doença, menos leitos de CTI precisarão ser utilizados”, argumentou.

Transmissões
Até o momento, somente o município do Rio de Janeiro e São Paulo têm transmissão comunitária. Já a transmissão local pôde ser identificada em mais estados. Além do Rio e de São Paulo, há registros em Minas Gerais, Bahia, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Santa Catarina e Distrito Federal. Há ainda 8.819 casos suspeitos e 1.890 descartados.