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Bolsonaro sobre 'shutdown' nos transportes: 'vai morrer muito mais gente'

Questionado se adotaria medidas para proibir a circulação de meios de transporte terrestres e aéreos devido à pandemia do coronavírus, presidente diz que é preciso calma. De qualquer forma, ele garante que assunto será debatido com ministros

Apesar dos quase 300 casos confirmados de Covid-19 no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro ainda se mostra receoso quanto à possibilidade de proibir a circulação de ônibus e aviões no país como forma de prevenção à disseminação do novo coronavírus. Segundo ele, uma medida como essa seria drástica e poderia instaurar um pânico ainda maior entre os brasileiros.

 

“Alguns querem que a gente feche os aeroportos. Bem, a gente não sabe as consequências disso tudo. Se o Brasil parar, vai ser o caos. Vai morrer muito mais gente fruto de uma economia que não anda do que do próprio coronavírus. Eu não quero criticar nenhum governo. Alguns estão tomando medidas positivas, mas outros também estão se excedendo”, disse a jornalistas o mandatário brasileiro na tarde desta terça-feira (17/3), no Palácio da Alvorada.

 

Contudo, Bolsonaro garantiu que o tema será debatido na quarta-feira (18/3), com o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, no Palácio do Planalto. Outros ministros também devem participar da conversa, e Bolsonaro antecipou que haverá uma coletiva de imprensa com ele e os demais membros do alto escalão do governo federal sobre as ações do Executivo voltadas ao enfrentamento do novo coronavírus.

 

O presidente garante que o governo está atento ao avanço da Covid-19 no território brasileiro, mas voltou a enfatizar que não há motivo para tanta “histeria” e pediu calma. Ao comentar sobre o primeiro óbito pela doença no Brasil, confirmado nesta manhã em São Paulo, Bolsonaro lembrou que o quadro clínico da vítima de 62 anos já comprometia a sua imunidade, e que o coronavírus não foi o único responsável pela morte.

 

“A gente vai ver causa mortis, tem quatro, cinco itens, e tem o coronavírus. O que se dá atenção? Morreu de coronavírus. É que o coronavírus chegou por último e aquela pessoa já está bastante debilitada. Agora, tem que se levar em conta como um todo do que aquela pessoa faleceu. Se fosse uma outra gripe qualquer, poderia ter falecido também”, analisou Bolsonaro. 

 

“Isso não pode ter histeria. Se for pra histeria, ficar todo mundo maluco, as consequências serão as piores possíveis. Tem locais em alguns países que já tem saques acontecendo. Isso pode vir para o Brasil. Pode ter um aproveitamento político em cima disso. A gente não quer pensar nisso daí. Mas tem que ter calma. Vai passar. Desculpa aqui. É como uma gravidez: um dia vai nascer a criança. E o vírus ia chegar aqui e acabou chegando”, completou o presidente.

Hospitais de campanha

Bolsonaro ainda disse que o Ministério da Defesa vai “reforçar” a rede pública de saúde ao preparar todos os Hospitais das Forças Armadas para receber pacientes em uma eventual necessidade. Além disso, o chefe do Palácio do Planalto informou que “estamos nos preparando para os hospitais de campanha também”. “Existe essa possibilidade”, reconheceu.

 

Entretanto, o presidente alertou que será impossível impedir a contaminação de mais pessoas. Ele prevê que “o país só estará imune quando uma parte da população for infectada, já que não tem vacina, e adquirir os anticorpos”. “Agora, o que nós queremos é que essas pessoas que vão se infectar, infelizmente, que isso aconteça em um espaço de tempo maior do que você, porventura, não tome as providências agora”, explicou Bolsonaro.

 

O presidente publicou mensagens nas redes sociais dizendo que “superar este desafio depende cada um de nós”. “O caos só interessa aos que querem o pior para o Brasil. Se, com serenidade, população e Governo, junto com os demais poderes, somarmos os esforços necessários para proteger nosso povo, venceremos não só este mal como qualquer outro!”, afirmou.

 

De acordo com Bolsonaro, “nós somos acostumados a superar as adversidades”. “Na tempestade, ajudamos uns aos outros. Somos uma nação de irmãos. Nenhum vírus é mais forte do que o nosso povo. Estamos lutando e faremos o que for necessário para proteger a vida de cada brasileiro!”, frisou.