Politica

Secretário do DF demitido

Governador Ibaneis Rocha exonera Osnei Okumoto após o Ministério da Saúde divulgar erroneamente que o Distrito Federal estaria com contágio comunitário. Em entrevista ao CB.Poder, titular da pasta disse que o ponto crítico da doença ocorrerá em 30 dias

Em meio ao combate ao surto do novo coronavírus, o governador Ibaneis Rocha (MDB) demitiu, ontem, o secretário de Saúde, Osnei Okumoto. No lugar dele, assume o presidente do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF), Francisco de Araújo Filho. O ato foi publicado em edição extraordinária. Francisco foi nomeado como interino, mas deve ser efetivado em breve, assim que Ibaneis encontrar um nome para substitui-lo no Iges-DF.

Na semana passada, a coluna Eixo Capital divulgou que havia um conflito na saúde. Ibaneis sempre preferiu o estilo mais agressivo do presidente do Iges-DF, com quem tem mais afinidade. Osnei é considerado um técnico preparado, mas não conseguiu atender às exigências de um governador que espera tudo para ontem. Segundo assessores de Ibaneis, Osnei não conseguiu derrubar as “máfias” na saúde, que atuam há anos impedindo licitações e direcionando contratos para um grupo seleto.

Mas a gota d’água ocorreu nesta tarde, quando o Ministério da Saúde divulgou dados errados sobre o número de infectados pelo novo coronavírus no Distrito Federal. Numa coletiva de imprensa, o secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo, afirmou que havia cinco casos de transmissões comunitárias no DF, ou seja, transmissões sem origem conhecida. Mas isso não é verdade.

Ibaneis acompanhou tudo de sua sala de crise e determinou que Osnei fosse ao Ministério da Saúde esclarecer a história. Pelo levantamento do GDF, são 19 casos confirmados, todos provenientes de viagens internacionais ou que mantiveram contato com passageiros recém-chegados a Brasília.

Osnei foi rapidamente ao ministério, ainda a tempo de entrar na coletiva e fazer com que Gabbardo retificasse as informações. Mas Ibaneis não ficou satisfeito com o desempenho do secretário. O governador queria que ficasse claro o “erro crasso” do governo federal, uma vez que várias medidas estão sendo tomadas no DF desde o caso 01, descoberto na semana passada.

O Correio tentou contato com Osnei, mas não conseguiu retorno. Ele participou ontem do programa CB.Poder, uma parceria do Correio com a TV Brasília. Na entrevista, ele disse que o momento não é de pânico, mas que o pico da Covid-19 ocorrerá em um mês (leia mais a respeito na página 17).

A exoneração ocorreu a pedido de Okumoto. Antes de assumir o cargo de secretário de Saúde do DF, o farmacêutico bioquímico Osnei Okumoto era secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde.