Politica

Congresso estuda recesso parlamentar para evitar propagação do coronavírus

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, submetido a teste para saber se está infectado, pode estabelecer recesso se houver casos confirmados entre parlamentares e servidores. Senadores já trabalham de casa

O Congresso pode ser fechado totalmente devido ao coronavírus. Nesta quinta-feira (12/3), o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), foi submetido a um teste para verificar se está infectado pelo vírus causador da Covid-19. A depender do resultado, ele deve suspender as votações na Casa a partir da próxima semana ou até estabelecer recesso parlamentar como medida de precaução.

No decorrer da semana, Alcolumbre se reuniu com integrantes da comitiva que acompanhou o presidente Jair Bolsonaro na viagem à Florida, nos Estados Unidos. Entre os que foram na delegação estava o secretário de Comunicação da Presidência da República, Fábio Wajngarten, que testou positivo para o coronavírus.

Com medo de uma proliferação em massa de casos no Congresso, muitos senadores conversaram por telefone com Alcolumbre nesta quinta-feira (12/3). Houve quem se antecipou a qualquer ordem do presidente da Casa e agiu por conta própria. Alguns congressistas deixarão os gabinetes, como o senador Marcos Rogério (DEM-RO), que aconselhou seus funcionários a trabalharem de casa a partir de hoje.

“O momento é realmente de muita reflexão, de muita cautela. Cheguei de manhã ao meu gabinete e havia um conjunto de funcionários lá todos de máscara. E não é pânico. Não é terrorismo. É cautela mesmo”, argumentou. “Eu acho que, neste momento, nós temos um problema maior para enfrentar. Nós temos um tema que deve nos mobilizar a todos em torno dele. Há um problema de saúde pública.”

O senador Confúcio Moura (MDB-RO) adotou a mesma providência. “Nós vamos trabalhar em casa. Vamos montar um grupo de WhatsApp. O chefe de gabinete vai coordenar todo o trabalho. Nós temos hoje os sistemas. Não vamos aglomerar mais gente dentro do Senado”, frisou. “Tramita dentro da Câmara e do Senado uma quantidade de gente incalculável. Eu acho que, com todas as medidas que nós tomarmos, grandes, pequenas, minúsculas, maiúsculas, para conseguirmos segurar esse vírus aqui no Brasil — porque a gente não conhece o comportamento dele no clima dos trópicos —, estaremos, assim, contribuindo.”

Outro senador que trabalhará a distância é Ângelo Coronel (PSD-BA). “Por precaução, vou liberar meus assessores por 15 dias para trabalharem home office. Só ficará no gabinete um assessor para atender ligações. Criaremos grupo de WhatsApp para resolver as demandas. Melhor prevenir do que remediar”, defendeu.

Nesta quinta-feira (12/3), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), passou o dia inteiro na residência oficial. Até o momento, nem ele nem nenhum dos seus assessores são considerados suspeitos. Eles também não foram submetidos ao exame molecular que detecta a infecção pelo novo coronavírus.

Comissões
O presidente da comissão mista que discute a reforma tributária, senador Roberto Rocha (PSDB-MA), cogita continuar os trabalhos do colegiado de forma remota, por home office. Parlamentares do grupo pedem a suspensão dos trabalhos, que, a princípio, teriam a duração de 45 dias.

A suspensão “é uma possibilidade que estamos analisando”, disse Rocha. “Mesmo assim, continuaríamos trabalhando fora do recinto da comissão”, explicou. Dessa forma, seria possível manter o prazo estipulado pelo relator da matéria, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB). Ele pretende apresentar o parecer na última semana de abril, para que possa ser votado até 5 de maio.

O senador Major Olímpio (SP), líder do PSL no Senado, um dos que pedem ao presidente da comissão que suspenda as sessões por duas ou três semanas, conversou com Rocha sobre o assunto. “Solicitei um posicionamento dele, porque a situação entrou num nível de emergência. Ele também entende que é bastante razoável essa preocupação e ficou de discutir com os integrantes e com o presidente Davi Alcolumbre”, contou.

Técnicos que trabalham com Ribeiro na elaboração da reforma afirmam que a possibilidade de adiar os encontros está no radar do deputado. Eles avaliam que é possível avançar no texto, mesmo por telefone e internet, mas que os problemas seriam as audiências públicas. “É possível que tenha, sim, um atraso no cronograma. Isso está sendo estudado”, afirmou uma pessoa próxima ao relator. O grupo marcou uma série de reuniões com especialistas e integrantes do governo, que precisariam ser adiadas. Olímpio explicou que “vem gente de todo o país” para as audiências.