"Ele foi eleito pelo voto popular. Ele tem que respeitar os votos que recebeu e os que não recebeu. Tem que governar para todos os brasileiros e não apenas para seus seguidores, para os que votaram ou os que são seguidores, como 'bolsominions' ou estusiastas do presidente Bolsonaro", disse na Câmara dos Deputados.
Ao ser questionado sobre falas de Bolsonaro nas quais alegou ter provas de que houve fraude nas eleições presidenciais de 2018, o tucano alfinetou o presidente e sugeriu antecipação das eleições. "Se o presidente não confia na própria eleição, ele que participe de outra eleição então. Antecipemos as eleições. Fazemos as eleições para presidente da República junto com as eleições de prefeitos e vereadores", disse.
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Quanto ao apoio às manifestações do dia 15, Doria considerou uma ameaça de Bolsonaro. "É uma ameaça. De novo, uma colocação equivocada do presidente. Ele tem canal aberto para telefonar ou marcar um encontro com o presidente da Câmara Federal, com o presidente do Senado. Você não governa através de manifestações, seja via imprensa ou Whatsapp”, disse Doria.
Economia e "ataque" a governadores
Doria também afirmou que, ao manter uma relação conturbada com o Congresso, Bolsonaro prejudica a economia brasileira. O governador fez coro com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), com quem se encontrou, ao considerar a falta de harmonia entre os Poderes como um dos culpados pelo fraco crescimento em 2019.
A conversa com Maia, da qual o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) participou, girou, segundo o governador, em torno de três pontos principais: o apoio à reforma tributária, a defesa do pacto federativo e o que Doria chamou de “ataques” de Bolsonaro contra os governadores.
"O emparedamento que o presidente deseja fazer aos governadores no tema do ICMS, petróleo e combustível, além de não ser correto, não é legítimo. Não cabe a um presidente da República emparedar e colocar governadores de estados em confronto com a opinião pública", disse.
Doria se referia às declarações de Bolsonaro durante viagem a Miami (EUA), quando culpou novamente os governadores pelo preço do combustível. Em um vídeo, o presidente disse que reduziu o preço do combustível, mas que não houve resultado para o consumidor. "Quando eu falo de quem é a responsabilidade, o pessoal faz listinha, assina 15, 20 personalidades para dar pancada em mim. (Falando que) eu tô atingindo governadores. Não estou atingindo, estou mostrando a realidade", argumentou Bolsonaro.
O presidente se refere à carta assinada por 23 governadores na qual eles pontuaram ser contrários à proposta de Bolsonaro de alterar a forma de cobrança do ICMS sobre o combustível. Os gestores estaduais alegaram que o imposto é a principal receita dos estados. Em encontro em Brasília, os governadores discutiram o tema com o ministro da Economia, Paulo Guedes, que afirmou ser inviável, neste momento, abrir mão da receita do ICMS.